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Envolvimento e motivação

Envolvimento

Conceito

O envolvimento denota uma participação ativa que envolve aspetos comportamentais, sendo o envolvimento académico definido pelo nível de energia física e psicológica que os/as estudantes dedicam à sua experiência académica.

Na base deste conceito, estão as seguintes premissas:

  • o nível de envolvimento dos/as estudantes é variável e depende de diversos fatores, como o tema da aula, o método de ensino utilizado e o estado emocional;
  • as diversas experiências oferecidas pela instituição de ensino emergem como uma das variáveis mais significativas para o desempenho académico dos/as estudantes e para a sua permanência no ensino superior.
Características

  • Quantitativas - A abordagem quantitativa analisa o tempo e a frequência dedicados às atividades académicas, incluindo a presença em aulas, participação em atividades em sala de aula, realização de trabalhos e tempo dedicado ao estudo independente. O envolvimento pode ser medido quantitativamente (tempo dedicado ao estudo).
  • Qualitativas - A qualitativa considera a profundidade e a compreensão alcançadas durante as atividades académicas, como o nível de participação em discussões, a qualidade das perguntas e comentários, a capacidade de aplicar o conhecimento em novas situações e a autonomia e iniciativa na aprendizagem (compreensão dos conteúdos).

A qualidade e quantidade do envolvimento dos/as estudantes são fatores determinantes para o desempenho académico e desenvolvimento pessoal.

Relevância do envolvimento

  • Quanto mais tempo dedicado às atividades académicas, melhor o desempenho académico e desenvolvimento pessoal.
  • Reduz o risco de abandono.

Motivação

Conceito

A motivação é compreendida como uma condição que impulsiona a ação de um indivíduo e de acordo com a teoria da autodeterminação, pode ser caracterizada, quer em termos de intensidade (alta ou baixa motivação), quer de orientação (motivação intrínseca ou motivação extrínseca). A teoria da autodeterminação assenta em duas premissas:

  • todos os indivíduos possuem uma predisposição inata para desenvolver a sua própria autodeterminação e participar em atividades que atendam às suas necessidades psicológicas fundamentais: competência; autonomia e relações sociais;
  • enfatiza a relevância de estabelecer um contexto que fomente a autonomia dos/as estudantes, incentivando a motivação intrínseca para a aprendizagem.
Características

Intensidade: Alta ou baixa.

  • Baixa (motivação extrínseca): Os indivíduos são influenciados por fatores externos, como recompensas, punições ou expectativas sociais.
  • Alta (motivação intrínseca): Indivíduos são influenciados por fatores internos, como interesse, curiosidade, desafio ou senso de propósito.

Orientação: Intrínseca ou extrínseca.

  • Intrínseca: A motivação intrínseca refere-se à realização de uma atividade pelo simples prazer de fazê-la, constituindo-se como o impulso interno que leva alguém a agir em busca de sua própria satisfação pessoal.
  • Extrínseca: Envolve a procura por resultados externos à própria ação, como recompensas ou o evitar de punições.

Continuum de autodeterminação

  • Desmotivação: Ausência de intenção de se envolver.
  • Regulações por motivação extrínseca:
    • Externa: Controlado por recompensas ou punições.
    • Introjeção: Regras internalizadas, mas não aceites.
    • Identificada: Reconhecimento da relevância da atividade.
    • Integrada: Transformação da motivação extrínseca em intrínseca.
  • Motivação intrínseca: Realização da atividade pelo próprio prazer.

Relação entre envolvimento e motivação

  • Bidirecional: A motivação influencia o/a estudante a se envolver ativamente no processo de aprendizagem.

Outros fatores que influenciam o desempenho académico dos/as estudantes

  • Emoções
    • Positivas: Maior motivação e envolvimento.
    • Negativas: Prejudicam a motivação e o envolvimento.
  • Interação entre estudantes e docentes
    • A interação entre estudantes e docentes influencia diretamente o envolvimento e a motivação dos/as estudantes.

Referências

  • Astin, A. W. (2014). Student involvement: A developmental theory for higher education. In College student development and academic life (pp. 251-262). Routledge.
  • Deci, E. L., & Ryan, R. M. (2000). The" what" and" why" of goal pursuits: Human needs and the self-determination of behavior. Psychological inquiry, 11(4), 227-268. DOI:10.1207/S15327965PLI1104_01
  • Deci, E. L., & Ryan, R. M. (2012). Motivation, personality, and development within embedded social contexts: An overview of self-determination theory. The Oxford handbook of human motivation, 18(6), 85-107.
  • Pascoe, M. C., Hetrick, S. E., & Parker, A. G. (2020). The impact of stress on students in secondary school and higher education. International journal of adolescence and youth, 25 (1), 104-112.