Descrição
O trabalho foi sendo construindo entre uma ontologia do presente, no lugar onde se registam terras por vir e a evocação de autores para a construção de um pensamento, de uma postura a partir da qual iremos olhar para o que nos rodeia, o trabalho foi-se fazendo nestes dois campos complementares, que se cruzam em vários pontos e esboçam uma procura de respostas ao problema apontado, entre a realidade que se vê, procurando tirar lições da mesma e os autores que ajudaram a ler essa realidade e a (re)construí-la continuamente, com avanços e recuos.
As paisagens são feitas de várias coisas – enquanto sistemas complexos de acumulação ao longo do tempo das marcas da vida, elas são, em cada momento, a realidade física que desse processo resultou.
A paisagem da ilha da Madeira é profundamente marcada pela relação da obra do homem com o território, uma realidade instável e transitória, inconsciente em termos da persistência dos diversos sinais, uns efémeros, outros perpetuados, por vezes por razões completamente casuais. Paisagem, nesta acepção, significa processo contínuo de inscrição e registo da vida; vida entendida num sentido coletivo e transversal, geradora dos nossos espaços, dos nossos gestos, das consequências físicas das nossas vontades.
Nesse sentido, a paisagem, enquanto invenção do homem, é um conceito central na geografia, onde as paisagens contêm uma forte componente antropológica, uma capacidade mnemónica que revela as diversas marcas deixadas por sucessivas transformações. A paisagem é, assim, património cultural, elemento imprescindível da identidade de um povo. No entanto, todas as mudanças bruscas e aceleradas praticadas num território põem em causa a identidade dos lugares.