Descrição
Para quê um glossário?
Para quê um apanhado de fragmentos tresmalhados de conhecimento científico? Não se trata de um texto coerente, feito de análise e de síntese, como é indispensável à apreensão e à prática da geologia. Acrescento mesmo – em jeito de aviso – ser inevitável a existência de contradições internas, ao cotejarmos conceitos oriundos de diferentes teorias que se conflituem.
Dito isto, para responder àquelas interrogações, permitam-me recuar alguns anos, quando ainda lecionava Geologia Estrutural. Limitado pelo tempo, só abordava questões básicas relativas a estados de deformação e de tensão e a descrição das estruturas geológicas mais comuns. (…)
Já no dealbar do século passado, presumiu-se que a resistência e a deformação de metais decorrem da existência de defeitos nas suas estruturas cristalinas, as deslocações. Tal ideia iria largamente ser explorada em física do estado sólido e, consequentemente, também na compreensão do comportamento plástico dos minerais. Após um longo período de proposição de teorias sobre o comportamento das substâncias cristalinas, baseadas nos seus defeitos estruturais, já na década de 70 do século passado, o recurso ao microscópio eletrónico de transmissão veio permitir “ver” as deslocações e o seu comportamento, donde o estabelecimento de modelos da fenomenologia geológica e geofísica. E assim nasceu um novo ramo científico, a microtectónica. Neste caminho de exploração e consolidação do conhecimento, um sobressalto: a instituição da Tectónica de Placas e o paradigma de uma geologia global, verdadeiramente, uma revolução científica que veio colocar novos desafios e novas interrogações.