Descrição
A arte ou as artes nunca foram inócuas em relação ao seu tempo. Reflexo da realidade ou arautos de mudança, as artes expressam-se em movimentos marcantes e dianteiros da realidade social em que se enquadram. Ao longo da história, são vários os exemplos de movimentos artísticos e artistas que criaram articulações entre a produção estética, o combate político e a mudança social. A dimensão da criatividade e da arte enquanto campos de expressão social e política são cada vez mais importantes enquanto focos de pensamento crítico, de resistência, antagonismo e alternativa, face ao sistema político tradicional e àquilo que este representa. Num momento em que os extremismos se expandem e em que o sistema político é alvo de desconfiança generalizada, surgem novas vozes e gramáticas de ação política, tecnológica, ambiental, espiritual, pelos direitos humanos, igualdade de género, entre outros. Em diferentes contextos geográficos, sociais e culturais, verificamos um crescente dinamismo proveniente de sectores sociais minoritários, alternativos, subalternizados ou estigmatizados, com vista a maior visibilização e participação na esfera pública. A música, a street art, a performance, o corpo, a fotografia, as artes plásticas, a net art e outras artes digitais, são entre muitos outros, recursos e linguagens usados criativamente para a participação cidadã. Entrelaçar arte e ativismo institui-se como uma expressão indelével da cidadania e da participação na esfera pública, não só pela genuinidade da criação e do ato artístico, como também pela capacidade de trazer para a agenda pública novas questões, criando discursos renovados no campo da política. Nascendo desta interseção, o artivismo (in)surge-se como forma e meio de contestação da realidade social no seu todo e do campo da arte em si, uma vez reificado para além da ortodoxia e da institucionalização. A conferência COMbART visa, precisamente, potenciar a reflexão sobre estas “Artes de Combate”, sobre as articulações contemporâneas entre a arte, o ativismo artístico e a participação política, promovendo a partilha e o debate sobre as mais diversas manifestações estéticas, culturais e artísticas.