Fernando Luís Cardoso Meneses de Tavares e Távora (1923_2005) diplomou-se em arquitetura
pela Escola de Belas-Artes do Porto em 1950. Tendo-se tornado assistente desta escola, em
1962 foi convidado para Professor após a prestação de provas para Professor Agregado da
Escola Superior de Belas-Artes do Porto. Foi presidente da Comissão Instaladora da Faculdade
de Arquitetura da Universidade do Porto, da qual foi Professor Catedrático. Escreveu o
opúsculo “O problema da Casa Portuguesa” (1947) e o livro “A organização do espaço” (1962)
para (a)firmar a continuidade de uma causa: a importância do conhecimento da História e da
Cultura para a produção da arquitetura contemporânea. Integrou, em 1955, a equipa do
“Inquérito à Arquitectura Popular Portuguesa”, sendo-lhe atribuída a região do Minho. Viajou
pelo mundo e participou em vários CIAM (congressos internacionais de arquitetura moderna).
Entre 1948 e 1956 trabalhou na Câmara do Porto. Foi Consultor da Câmara de Gaia, consultor
do Comissariado para a Renovação da Área Urbana da Ribeira-Barredo, consultor do Gabinete
técnico da Comissão de Planeamento da Região Norte e Consultor do Gabinete Técnico Local
para o Centro Histórico de Guimarães. Participou ativamente na instalação do Curso de
Arquitetura na Universidade do Minho e na Universidade de Coimbra, entidade que lhe viria a
atribuir, em 1993, o Doutoramento Honoris Causa. Escreveu nos jornais para dar voz à
cidadania da arquitetura, achegando-se do homem comum; utilizou a entrevista para arrumar,
na circunstância, o processo-movimento de perguntas-respostas sobre o agir que viabilizou
como unidade e desdobramento – “a unidade na variedade”, “a ordem na continuidade”, “a
diversidade na totalidade”.
Fernando Távora é autor de obras estruturantes do processo da arquitetura em Portugal, entre
as quais se destacam a Unidade Residencial de Ramalde (1952-60), a casa de Ofir (1957-58), o
Mercado de Vila da Feira (1954-59), o Parque Municipal da Quinta da Conceição em
Matosinhos, a escola do Cedro em V. N. de Gaia (1958-60), o Edifício Municipal, em Aveiro
(1963-67), a Pousada do Convento de Sta. Marinha da Costa em Guimarães (1972-85) que
recebeu o Prémio Nacional de Arquitetura (1988), Anfiteatro da Faculdade de Direito da
Universidade de Coimbra (1993-2000), Ampliação da Assembleia da República, em Lisboa
(1994-99). Távora foi também distinguido com o Prémio de Arquitetura da Fundação Calouste
Gulbenkian, o prémio “Europa Nostra” (pela casa da Rua Nova em Guimarães), prémio Turismo
e Património 85 e com o prémio de carreira da 1.ª Bienal de Arquitetura e Engenharia IberoAmericana de Madrid, em 1998. Concederam-lhe a Ordem de Sant’Iago de Espada, a medalha
de ouro da cidade do Porto, a medalha de ouro da cidade de Guimarães, a medalha de ouro da
cidade de Viana do Castelo, a medalha de ouro da cidade de Matosinhos.
O seu trabalho profissional esteve presente em várias exposições coletivas e individuais,
nacionais e internacionais: na Smithsonian Institution de Washington; “Magnas”, na Escola
Superior de Belas Artes do Porto; em “Artes plásticas I e II” da Fundação Calouste Gulbenkian,
em Lisboa, nomeadamente “Fernando Távora: Percursos”, em 1993; “Onze Arquitectos do
Porto” em Lisboa e no Porto (1983); “Architecture à Porto”, em Clermont-Ferrand; no Museu
Nacional Soares dos Reis, no Porto; na “Europália 1991”, em Bruxelas; na Trienal de Milão,
edições de 2004 e de 2014; na Bienal de Veneza (1991) e de S. Paulo (1993 e 2003); “Fernando
Távora: Exposição de desenhos e projectos” (2002), na Corunha, apresentada posteriormente
em Guimarães e em Coimbra; e, já a título póstumo, “Fernando Távora. Modernidade
Permanente”, para Guimarães Capital Europeia da Cultura 2012; “Uma porta pode ser um
romance”, “Nós” e “Sobre o ‘projeto-de-arquitetura’ de Fernando Távora”, inserida na
colecção “Fernando Távora, ‘minha casa’”, lançada no âmbito do programa Figura Eminente
U.P. 2013: Fernando Távora.
Em 2005, A OA-SRN instituiu, em homenagem ao arquiteto Fernando Távora, em memória da
sua figura, influenciadora de gerações sucessivas de arquitetos, e pela sua atividade enquanto
arquiteto e pedagogo, o Prémio Fernando Távora onde, anualmente, se atribui uma bolsa de
viagem à melhor proposta de viagem apresentada por arquitetos de entre todos os inscritos na
OA.