Abril, 2024

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05Abr18:3020:30FeaturedCiclo de cinema "CIDADE, HABITAÇÃO E JUSTIÇA SOCIAL"18:30 - 20:30 Casa Comum - Reitoria da U.Porto, Praça Gomes TeixeiraEvent Type :Cinema,Debate

Detalhes do Evento

Este ciclo de reportagem/documentário e cinema sobre o direito à habitação e à cidade é sem dúvida uma das formas mais dignas de revisitar o 25 de Abril de 1974, trazendo para o debate público as questões da participação e da cidadania em torno da cidade justa e democrática.

Os trabalhos selecionados para este ciclo comungam de um pressuposto comum, que é reconhecer e dar voz a todos os que lutam por uma habitação digna e por uma cidade justa. As três reportagens procuram, com base numa informação objetiva, dar a conhecer as comunidades que resistem a viver em lugares onde a habitação não é digna e salubre, mas é aí que fazem a sua vida em comunidade e exigem que seus bairros sejam reabilitados. Estamos a falar de uma comunidade que rejeita a habitação reduzida à condição de garagem e onde pessoas e bens se amontoam como caixas de sabão.

Num tempo em que as ideologias liberais nos querem impor uma cidade-mercadoria, projetada por uma racionalidade arquitetónica distante da vida real e pouco ou nada comprometida com as formas de vida das classes populares, os trabalhos aqui apresentados dão a conhecer a importância destas comunidades. Estamos a falar de comunidades que constroem e pensam sobre o seu habitar, dando como referência os dois filmes a Bicicleta Othon, assim como o documentário Ilha Habitada – a Bela Vista – os quais remetem para os habitantes e a comunidade, para a auto-intensificação das relações entre lugares e comunidades: lugares que ainda conservam algum princípio de habitabilidade e apego ao lugar e à habitação; comunidades que, perante a invasão da cidade-mercadoria, vêm as suas casas, as suas comunidades e os seus lugares destruídos, entaipados e as suas famílias deslocadas para zonas de segregação socio-espacial. Em suma, famílias inteiras são fragmentadas e deslocadas para “soluções” habitacionais que são uma espécie de “toilettes da Eurostar”. É contra estas situações que os cidadãos/ãs se devem indignar e reivindicar para todos/as o direito primeiro e fundamental de habitar com dignidade e conforto.

ENTRADA LIVRE

Este evento está inserido nas comemorações dos 50 anos do 25 de abril da U.Porto.

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PROGRAMA:

5 ABR’24 | 18:30Sessão Reportagem

* Da minha Ilha não se vê o mar, de Carlos Rico, SIC. (2011 | Port.|Reportagem | 35`)

As voluntárias da Associação Nun`Álvares de Campanhã bem tentam convencer a Dona Preciosa mas, com a sageza e a teimosia dos seus 86 anos, a velha senhora esgrime argumentos atrás de argumentos para tentar escapar ao banho. Que não quer, que não é necessário, que o filho está mesmo, mesmo a chegar. Percebe-se a relutância: os dias estão frios e a higiene é feita numa bacia, umas vezes no quintal, outras vezes na cozinha, com água amornada ao fogão que a senhoria dispensa, a troco de meia dúzia de tostões

* Promessa de Casa Digna para todos por cumprir 40 anos depois do 25 de Abril, de Filipe Pinto/David Araújo/Sérgio Tomaz/Teresa Fernandes/Carla Ludovico, RTP (2014 | Port. | Reportagem| 25`)

Casa digna para todos. Foi uma das promessas de Abril, mas continua por cumprir. Quarenta anos depois da revolução há muitos portugueses ainda a viver em espaços degradados.

*A minha rua é de cartão, Cláudia Aguiar Rodrigues, Antena 1 – RTP (2023 | Port. | Reportagem | 30`)

No Porto, mais de 700 pessoas vivem em situação de sem-abrigo. A “ferida social” – como lhe chamou Marcelo Rebelo de Sousa – cresceu 17 por cento naquela cidade 2023 era o ano em que o presidente sonhava ter um país em que todos pudessem ter um abrigo, uma casa para morar. A pandemia e a inflação estão a adiar o sonho de Marcelo Rebelo de Sousa que, ainda recentemente, reconheceu ser impossível traçar metas. O problema afeta, sobretudo, a capital, mas no Porto o número dos sem-abrigo também está a crescer. Mais de 700 pessoas continuam à espera de uma casa, de um lar. A Antena1 andou pela cidade, pelas ruas e pelas vidas sem-abrigo que não aparecem nos mapas.

Moderador: António Cardoso ( Sociólogo, IPVC / CICS.Nova_UM) || Comentário: Manuel Carlos Silva (Sociólogo, CICS.NOVA_UM/LAHB) / José Castelo (Movimento Associativo, S. Victor Porto) / Lígia Ferro (FLUP)

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12 ABR’24 | 18:30 – Sessão Documentário

* Othon, de Guillaume Pazat e Martim Ramos

O Othon Palace Hotel, localizado no centro de São Paulo, em frente à Prefeitura, foi outrora o maior hotel de luxo da cidade. Em outubro de 2012, após quatro anos de abandono, o edifício foi ocupado por movimentos organizados de pessoas sem teto. São empregadas de limpeza, seguranças, porteiros, operadoras de callcentre, trabalhadores das obras, carteiros, professores, estudantes, entre outros incapazes de pagar as rendas inflacionadas de São Paulo. Mais de 800 pessoas construíram uma sociedade dentro do edifício de 25 andares, sem água canalizada, partilhando expectativas e sonhos para as suas vidas. Este filme é sobre a sua luta por uma casa.

Moderador: Diogo Matos Rodrigues (Arquiteto / Atvista Social, Mestre em Arquitetura FAUP) || Comentários: Mário Mesquita (Arquitecto, Professor FAUP, Investigador i2ADS) / Margarida Mogadouro (Nùcleo de Intervenção Social, Unidade de Desenvolvimento Social do Centro Distrital do Porto) / Fernando Bessa Ribeiro (Sociólogo, ICS-UM / CICS.NOVA_UM)

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19 ABR’24 | 18:30 – Sessão Filme

* Bicicleta, de Luís Vieira Campos (2014 | Port. | Ficc. | 45`)

O Bairro do Aleixo, no Porto, é um lugar de mitos onde a sociedade tende a radicar problemas de sete cabeças. No entanto, para tantos que lá vivem, o bairro ergue-se como um lar, o lar de sempre, posto ali ao pé do rio, as vistas largas e generosas, sem maior sobressalto. Bicicleta parte do conceito de vizinhança e de família, a sobrevivência definida por princípios de alteridade que, no cenário de um bairro tão mitificado, ocorrerá com a naturalidade inevitável ao ser humano. É um filme sobre o lado popular da vida, essa partilha de um espaço que se vai imiscuindo no quotidiano de cada um, criando uma interdependência que propaga notícias e cria situações tanto dramáticas quanto divertidas.

Moderador: André Cerejeira Fontes (Arquiteto, EAAD_UM / LAHB) || Comentários: João Teixeira Lopes (IS, FLUP) / Maria Manuel (Arquiteta, EAAD_UM) / LAHB) / Teresa Mora (Socióloga, ICS-UM / CICS.NOVA_UM)

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26 ABR’24 | 18:30 – Sessão Documentário

* Bela Vista. Ilha habitada, de Rui Rufino (2019 | Port. | Doc. | 50`)

Bela Vista – Ilha Habitada acompanha e regista a reabilitação da ilha municipal da Bela Vista, na cidade do Porto, entre 2015 e 2017. Através dos testemunhos e memórias de diferentes gerações de moradores, registam-se anos de convivências, dificuldades e lutas por melhores condições de vida. A par dos moradores, regista-se também o papel social da Arquitetura nesta intervenção que procurou preservar a identidade do espaço e renovar a sua dignidade no contexto atual da cidade, através dos testemunhos do antropólogo e dos arquitetos responsáveis pelo projeto.

Moderador: Fernando Bessa Ribeiro (Sociólogo, ICS-UM / CICS.NOVA_UM) || Comentários: Manuel Carlos Silva (Sociólogo, CICS.NOVA-UM) / Fernando Matos Rodrigues (Antropólogo, CICS.NOVAUM / LAHB) / António Fontelas (Atvista Social / Presid. Associação de Moradores Ilha da Bela vista), António Cerejeira Fontes (Arquiteto, EAAD_UM / LAHB).

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