Tornar-se um ativista do clima
Formação em desobediência civil como processo de socialização para jovens activistas da Extinction Rebellion em Paris
DOI:
https://doi.org/10.24840/esc.vi62.359Palavras-chave:
Extinction Rebellion, ativismo climático, desobediência civil, socialização, FrançaResumo
Este artigo analisa o processo de socialização de jovens iniciados na Extinction Rebellion (XR) em Paris que os transforma em ‘ativistas’ desobedientes, um grupo de ativistas de elite treinados em ação direta não violenta. O artigo baseia-se numa etnografia de cursos de formação em desobediência civil ministrados na XR em 2019 e 2021. Estes cursos são “ritos de instituição”, de acordo com Bourdieu, que consagram ativistas operando uma seleção social. Assim, alguns indivíduos estão dispostos a envolver-se em atividades não violentas devido à sua origem social, ao seu capital cultural ou à sua socialização primária (religiosa em particular). Muito mais do que a transmissão de conhecimentos práticos, o objetivo destes cursos de formação é criar um “esprit de corps”, para utilizar o conceito de Blumer, específico do movimento. O simbolismo dos cursos é mais forte para estes ativistas do que a mera transmissão de conhecimentos técnicos, permitindo a interiorização de uma identidade política coletiva.
Recebido: 5/2/2022
Aceite: 31/5/2022
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