Morre-se maioritariamente no hospital, ou seja, a morte institucionalizou-se. Morrer em casa é melhor do que morrer no hospital? Não necessariamente. A morte silenciada, varrida para debaixo do tapete, transvestida, não é apanágio dos cuidados de saúde, sendo antes um fenómeno cultural e social de países maioritariamente ocidentais. No mundo das não coisas (Byung Chul-han), passamos a viver na Nuvem, trocamos o toque pela informação digital, concentramo-nos na fugacidade, esquecendo a nossa real temporalidade.
Como vivemos a morte em contexto hospitalar? Que competências é necessário ter para cuidar de quem está a morrer e dos seus familiares? Como cuidamos dos profissionais de saúde que convivem frequentemente com a perda, a fragilidade, o erro? Como preparamos os jovens estudantes e internos a (con)viver (com) a (sua/do outro) morte?
Para conversar sobre estas e outras questões, assumindo que “devemos falar sobre a morte, porque a vida é certa” (parafraseando de forma inversa o adágio “vamos à vida, que a morte é certa”), estiveram presentes:
Andreia Cerqueira Moura, enfermeira, Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente do Centro Hospitalar Universitário de Santo António;
António Carneiro, médico internista e intensivista, Hospital da Luz Arrábida;
Magda Freitas, enfermeira, Serviço de Cuidados Paliativos do Instituto Português de Oncologia – Porto;
Margarida Branco, psicóloga clínica e psico-oncologista, Centro Hospitalar Universitário de Santo António, Unidade de Psiquiatria de Ligação e Psicologia da Saúde do Serviço de Psiquiatria e Saúde Mental, Equipa Intra-Hospitalar de Suporte em Cuidados Paliativos, Unidade Funcional de Dor Crónica e Grupo de Apoio ao Luto;
Luís Marques Loureiro, médico, assistente hospitalar de medicina interna, Centro Hospitalar do Baixo Vouga; doutorando da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.
Conversa online realizada a 2 de maio de 2023, com moderação de Susana Magalhães e Manuela Vidigal Bertão. Nota: as intervenções de Luís Marques Loureiro sofrem de alguns cortes provocados por deficiências da ligação de rede, que, contudo, não impedem a compreensão do sentido das suas palavras; as intervenções finais não incluem as de António Carneiro porque o médico teve de abandonar prematuramente o encontro.