Educação, Sociedade & Culturas

Formação de professores: Construindo uma agenda para o século XXI

2024-03-15T17:44:11+00:00

Em julho de 2022, o Porto acolheu uma conferência internacional do EDULOG sobre formação de professores sob o desafiante tema: “Formação de Professores: Construir uma Agenda para o Século XXI”. O principal motivo que levou à organização desta conferência foi o reconhecimento coletivo, tanto na comunidade internacional como na comunidade educativa, dos profundos desafios que se colocam à educação atual e futura. Foi partilhada a convicção de que a formação de professores é fundamental para o avanço da educação. Os/As formadores de professores[1], quer nas instituições de ensino superior quer nas escolas, têm a tarefa de formar todos/as os professores, influenciando assim indiretamente as práticas de ensino de todos/as os educadores e as experiências de aprendizagem de todos/as os alunos. Trata-se de uma tarefa imensa e de grande responsabilidade.

Ensino e formação de professores na era da evidência: O caso da arte

2023-11-03T12:27:04+00:00

Em julho de 2022, Gert Biesta proferiu uma palestra a convite na conferência internacional EDULOG 2022 sobre Formação de Professores: Construir uma Agenda para o Século XXI, no Porto, Portugal^[1]. Na entrevista que se segue, Gert Biesta partilha as ideias-chave da sua conferência, sublinhando, em particular, que qualquer debate sobre o futuro da formação de professores deve partir de uma compreensão clara da educação e do importante papel do/a professor/a. Na sua conferência, Gert Biesta defendeu uma visão do ensino como uma arte e não como uma ciência aplicada, e fez a interessante sugestão de que o ensino deve ser visto como uma arte dupla. Isto sugere que a formação de professores que compreende que o ensino é uma arte e não a aplicação de regras e receitas precisa de trabalhar com os/as estudantes para desenvolver a sua arte de ensinar. Este futuro para a formação de professores é muito diferente da ideia de que o ensino deve ser uma profissão baseada ou informada por provas científicas do que funciona. O principal problema com esta ideia, que Biesta deixa claro nesta entrevista, é que a procura de provas do que funciona não permite compreender o que é a educação e o que envolve o trabalho do/a professor/a.

^[1] Para mais informações sobre este evento, ver aqui: https://www.2022.edulog.pt

Formação de professores: Uma terceira revolução?

2023-11-03T17:11:20+00:00

Neste artigo sugere-se a possibilidade de uma terceira revolução no campo da formação de professores. Na primeira parte, depois de mencionar o tempo das escolas normais (meados do século XIX) e da universitarização (meados do século XX), defende-se que a formação de professores deve ser pensada como uma formação profissional de nível superior. Na segunda parte, evitam-se dicotomias e propõe-se uma síntese em torno da valorização do conhecimento profissional docente (um terceiro género de conhecimento), do reconhecimento dos professores da educação básica como formadores dos novos professores (um terceiro actor) e da construção de uma casa comum da formação e da profissão (um terceiro lugar). Com estes elementos é talvez possível construir as bases de uma terceira revolução na formação de professores.

Explorar o papel da investigação na formação e no desenvolvimento profissional dos/as professores/as

2024-01-01T14:36:22+00:00

Este artigo explora e discute o papel da investigação na formação de professores e no desenvolvimento profissional dos/as professores/as. Para tal, apresenta algumas perspetivas sobre a formação de professores baseada na investigação e quadros conceptuais para o profissionalismo dos/as professores/as. A relação entre o conhecimento teórico e prático é discutida juntamente com as dimensões centrais do profissionalismo dos/as professores/as. Três metáforas e figuras de pensamento para a relação teoria-prática são introduzidas e discutidas: a investigação como um espelho, como uma bússola e como uma pedra no sapato. Neste contexto, são apresentados alguns exemplos de modelos para o desenvolvimento profissional dos/as professores/as através do envolvimento crítico e da investigação. É dada especial atenção a um modelo dialógico crítico para a formação de professores e o desenvolvimento profissional que promove a aprendizagem reflexiva através da partilha de experiências e do envolvimento em quadros teóricos. Este modelo integra processos de autoconstrução reflexivo-analógicos, crítico-analíticos e interativos, permitindo que professores/as e alunos/as transformem os seus conhecimentos e práticas com base em novas perceções

Estabelecendo ligações entre a teoria e a prática

2023-09-30T15:24:23+01:00

O estudo de aula é um processo de desenvolvimento profissional que tem vindo a conhecer larga divulgação em todo o mundo, correspondendo a uma investigação dos/as participantes sobre a sua prática profissional. Neste artigo, o nosso objetivo é apresentar aspetos do trabalho de um estudo de aula, nomeadamente na sua fase preparatória de documentação e elaboração do plano de aula, e na sua fase de reflexão pós-aula. Damos especial atenção ao trabalho de seleção e elaboração de tarefas, à antevisão das estratégias e dificuldades dos/as alunos/as e à preparação e condução da discussão coletiva. Mostramos, também, como o estudo de aula é visto pelos/as professores/as participantes. Apontamos as condições necessárias à realização dos estudos de aula e mostramos como o estudo de aula, como formação baseada na prática, pode ser um poderoso processo de desenvolvimento profissional de professores/as.

Formar professores para os desafios profissionais futuros

2024-01-07T17:31:52+00:00

Esta reflexão parte dos desafios que se colocam à formação de professores para explorar o potencial formativo das comunidades de prática e do prático-investigador na arquitetura da formação de professores. O mote são estudos de revisão de literatura, identificados nas bases de dados B-on e Scopus na última década, sobre as comunidades de prática e o prático-investigador na formação de professores, coadjuvados com evidências resultantes de projetos de investigação desenvolvidos no âmbito do 2.º Ciclo em Ensino da Educação Física para os Ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Foram identificadas vantagens em configurar a formação de professores e o desenvolvimento profissional num continuum, em espaços partilhados, como comunidades de prática/aprendizagem, em que os/as professores/as das escolas e da faculdade cooperam na formação de futuros professores e, simultaneamente, se desenvolvem profissionalmente. As comunidades necessitam de ser descentralizadas e democráticas para serem sustentáveis. A formação de professores baseada na investigação pode servir como força motriz para vincular os/as futuros/as professores/as a práticas informadas pela pesquisa. Já a sua permanência, como práticos-investigadores, reclama por uma cultura de escola que apoie e valorize a investigação educacional.

Desafios na formação de professores

2023-11-06T10:21:13+00:00

A formação de professores é influenciada por uma meta-narrativa global que afirma que a melhoria da qualidade da formação de professores conduzirá a melhores resultados para os/as alunos/as, o que, por sua vez, conduzirá à competitividade económica no contexto global. Assim, a formação de professores é vista como uma alavanca poderosa para alcançar esta ambição e é, por conseguinte, posicionada como um problema político. Este artigo descreve alguns dos principais desafios globais, tanto em termos de política global de formação de professores como em relação a influências sociais mais alargadas. Problematiza a noção de que os desafios globais podem ser enfrentados através de soluções globais de grande envergadura, argumentando que a governação democrática liberal no Norte global é contrária a uma reforma a mais longo prazo que não alcança resultados num ciclo eleitoral. Em vez disso, o artigo sugere que certas mudanças ao nível do programa/parceria podem funcionar de forma poderosa para alcançar a ambição de uma formação de professores mais progressista do ponto de vista social.

Profissionalização docente e projetos em disputa na formação inicial de professores no Brasil

2023-11-10T14:02:04+00:00

Considerando a docência como profissão em constante diálogo com as demandas sociais, construiu-se uma análise crítica, apoiada em referenciais teóricos, com o objetivo de trazer ao debate acadêmico condições da profissionalização docente, na formação inicial, frente aos atuais projetos em disputa no cenário brasileiro. Nessa análise, com ancoragem na teoria do discurso, assumimos que este cenário de construções discursivas expressam as lutas pela produção de sentidos em torno da profissão docente e seu processo de profissionalização. A análise dos discursos mostrou que as políticas de currículo para a formação docente, globalmente influenciadas por fatores políticos e econômicos, acabam por engendrar currículos que visam atender as expectativas desses interesses econômicos em torno desta profissão. As reformas curriculares vivenciadas nos últimos anos no Brasil, em consonância com os contextos internacionais, apontam o caráter prescritivo, regulador e conservador que os/as reformadores/as neoliberais da educação postulam como sendo a lógica necessária a uma profissionalização docente que corresponda às demandas da reestruturação produtiva global. Neste contexto, pela via da formação inicial, a constituição profissional da docência vai subtraindo a autonomia e a intelectualidade que lhe é característica, para dar espaço a obediência e a conformação primadas nos moldes reformistas.

Como estão os professores dos primeiros anos de escolaridade, em Portugal, a ser preparados para o ensino da leitura e da escrita?

2023-12-27T15:24:07+00:00

O ensino da leitura e escrita exige professores adequadamente preparados. Sendo da responsabilidade das instituições do ensino superior a formação dos professores, espera-se que ela tenha a qualidade desejada e seja assegurada por professores com investigação neste domínio. Realizou-se um estudo para conhecer que formação estão a ter os futuros professores para ensinar a ler e a escrever e que perfil de investigação têm os professores do ensino superior que a asseguram. Foram analisados os planos de estudo dos cursos de formação para a docência no 1.º ciclo do ensino básico, as fichas das unidades curriculares de formação na área de docência e de didáticas específicas associadas ao Português, à leitura e à escrita, e as fichas de curriculum vitae dos/as respetivos/as docentes. Entrevistaram-se diretores de curso e professores. Concluiu-se que existiam cursos que não contemplavam um estudo completo da linguagem e da língua, a relação entre a linguagem oral e a escrita, assim como as características do código ortográfico do português. Várias dimensões do ensino apontadas pela investigação científica em Educação e em Psicolinguística como relevantes não eram consideradas. Os formadores dos futuros professores tinham investigação escassa, pouco focada no Português, leitura e escrita, e baixa publicação em revistas indexadas.

Formação de professores “corajosa” para a cidadania global

2023-12-27T15:44:26+00:00

A educação para a cidadania global tornou-se uma das prioridades educativas do século XXI. Porém, a investigação sugere que os professores ainda não a integram nas suas práticas de forma sistemática. Este artigo relata um estudo qualitativo de casos múltiplos desenvolvido com sete formadores de professores e quatro professores em formação numa universidade portuguesa. O estudo visa analisar e comparar o impacto de dois programas de formação nas conceptualizações dos professores sobre cidadania global e na sua identidade profissional. Os dados foram recolhidos através de gravações áudio e reflexões individuais, submetidas a análise de conteúdo. Os resultados mostram que ambos os grupos de professores desenvolveram conceptualizações mais claras sobre educação para a cidadania global alinhadas com uma orientação liberal, e (re)construíram a sua identidade profissional para (re)considerarem as exigências da profissão docente num mundo globalizado. Contudo, os professores destacaram a complexidade desta perspetiva, afirmando que precisam de mais tempo e apoio para a incorporar nas suas práticas e mentalidade. Estas conclusões sugerem a necessidade de lutar por uma formação de professores “corajosa” para a cidadania global, cujos princípios se apresentam neste artigo.

Ensino baseado em argumentos

2023-11-27T23:02:07+00:00

Os professores do século XXI são obrigados a adotar novas práticas pedagógicas centradas no/a aluno/a que conduzam a benefícios diretos para os/as alunos/as como cidadãs/os críticos/as e democráticos/as. Uma dessas pedagogias é o ensino baseado em argumentação. Este artigo teórico fornece uma visão geral do que é o ensino baseado em argumentação, bem como as suas principais aplicações e benefícios. É estabelecida uma relação com o ensino do século XXI através do conceito de literacia crítica, uma competência de metaliteracia promovida pelo ensino e aprendizagem baseados na argumentação. Após uma panorâmica das iniciativas nacionais e internacionais, são apresentadas recomendações para a formação de professores, tendo em conta a complexidade do conhecimento do conteúdo pedagógico da argumentação.