Porto: Territórios da invisibilidade é o novo livro de Mário Mesquita, arquiteto, urbanista e professor da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP).
Neste “ensaio sobre o que não se vê”, conforme o descreve o próprio autor, desvendam-se as histórias escondidas nas ruas, praças e edifícios da cidade do Porto, uma cidade que há anos tomou como objeto de estudo e à qual dedicou especial atenção em tempos de pandemia de Covid-19.
Depois de Deserdados da Sorte no Espaço Público, igualmente da autoria de Mário Mesquita, publicado no pós-pandemia, a U.Porto Press publicou agora Porto: Territórios da invisibilidade, também na coleção Transversal.
O lançamento deste livro está marcado para o próximo dia 16 de dezembro, às 18h00, na Reitoria da Universidade do Porto (Auditório Ruy Luís Gomes).
A apresentação ficará a cargo de José Maria Lopes, escultor, doutorado em Arquitectura e Professor na FAUP.
A entrada é livre.
OS TERRITÓRIOS E AS GENTES INVISÍVEIS DO PORTO
“Em tempos de reclusão, de recolher obrigatório, de distanciamento social, é com propriedade que [o autor] retoma a tarefa de sempre: observar, registar, transmitir, revelar, e divulgar os territórios da Invisibilidade” – contextualiza Anni Günther Nonell na sua Nota de Abertura a esta publicação.
Numa reflexão sobre as imagens captadas pela lente de Mário Mesquita, que constituem esta “reportagem fotográfica, em forma de livro”, a também docente da FAUP assinala que, “ao olhar do leitor emancipado”, em tempos de pandemia poderia não soar estranho “tanta gente fazendo vida ao ar livre”. E destaca imagens como a “do homem encasacado de mão estendida (…), do malabarista da cadeira de rodas; do arrumador de carros que não passam, do homem que vasculha o lixo (…)”, mas também “de gente que convive e descansa, crianças que brincam, homens e mulheres que, ao ar livre, exercem o ofício”. Observa, ainda assim, que um olhar mais demorado constata que, “quase sempre, estes homens e mulheres acarretam consigo apetrechos e pertences: tenda e colchão; cadeira de roda; bicicleta; muletas e canadianas e instrumentos musicais; mochilas; sacos, malas, mala de rodinhas; cartão e mais cartão; calçado e roupa (…)”.
Para Mário Mesquita, a recolha de imagens compiladas neste livro, organizado em quatro capítulos – Gente”, “Espaço”, “Construído” e “Paisagem” – “foi um processo de matriz etnográfica que implicou imiscuir-me com as comunidades e deixar-me envolver pelos espaços, construções e paisagens”; “uma grande expedição urbana numa só cidade, mas olhando para o país e para o mundo”.
Apresenta como principal objetivo da publicação “tornar visível o invisível”, usando a fotografia para “espoletar a formulação de pensamento crítico sobre a condição urbana”, tendo o Porto como um “grande ‘laboratório’”.
Neste contexto, Mário Mesquita questiona os leitores: “…de que falamos quando abordamos o invisível aplicado à realidade urbana na contemporaneidade?, ou “Estaremos a ficar cegos de tanto ver? Ou apenas já não valorizamos o nosso entorno?”.
E esclarece: “Podemos tornar visível o invisível se soubermos parar, se atentarmos na realidade multifacetada que vai além da aparência, se voltarmos a caminhar com a vista de uma forma interessada e valorizando o cruzamento entre as dimensões do tempo e do espaço”.
Segundo Bernardino Castro, Diretor de Serviço do Centro Português de Fotografia, este “não é apenas um livro, mas sim um convite para se desbravar os mistérios que se escondem nas entrelinhas da cidade. (…) uma tentativa de dar voz aos espaços esquecidos e às histórias silenciadas que fazem do Porto uma cidade verdadeiramente única”.
Porto: Territórios da invisibilidade está disponível na loja online da U.Porto Press.
SOBRE O AUTOR
Mário Mesquita é arquiteto, urbanista, artista e Professor na FAUP, lecionando também nas faculdades de Belas Artes e de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto. É investigador no i2ADS – Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade, colaborador no CITCEM – Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória, e membro da R3IAP – Rede de Informação, Investigação e Intervenção em Arte Pública.
Coordena a Comunidade de Inovação Pedagógica da U.Porto PTRI – Porto: Territórios e Redes da Invisibilidade. Publicou vários livros e artigos sobre Arquitetura, Património e Urbanismo e tem obra pública em Arquitetura, Design e Projeto/Planeamento Urbano. É especialista na cidade do Porto e no seu território, tendo sido investigador na Águas e Energia do Porto, Museu do Porto, Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Arquivo Distrital do Porto e Instituto Marques da Silva.