Na reta final de uma digressão pelo país, e depois de ter passado por Famalicão, Porto, Viana do Castelo, Bragança, Évora e Vila Real, Mulheres de Shakespeare despede-se dos palcos no Teatro São Luiz, em Lisboa, onde estará em cena de 11 a 14 de julho.
Encenada por Carlos Pimenta e interpretada por Emília Silvestre e Sofia Fernandes, do Ensemble – Sociedade de Actores, esta peça surge a partir da obra homónima de Fátima Vieira – Vice-Reitora da Universidade do Porto (U.Porto) para a Cultura, Museus, responsável pela U.Porto Press e Professora Catedrática da Faculdade de Letras da Universidade do Porto – e Matilde Real, dramaturga, criadora e intérprete em projetos de artes performativas.
A obra foi publicada pela Editora da U.Porto em 2023, na Coleção Fora de Série, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, tendo resultado de uma encomenda do Ensemble – Sociedade de Actores, com especificações claras e título definido.
SOBRE AS (NOVAS) MULHERES DE SHAKESPEARE
Miranda e Áriel. São estas as inconfundíveis personagens do enredo de Mulheres de Skakespeare, para quem conhece a obra dramática do Bardo. Áriel cumprirá, contudo, uma nova missão nesta peça de Fátima Vieira e Matilde Real.
Apesar de as mulheres serem marcantes nas obras de William Shakespeare, o seu papel é quase sempre analisado por comparação com o dos homens, que é dominante.
“Mas, e se fizéssemos um exercício diferente: dar protagonismo ao ‘feminino’ não na lógica da dominância que é associada às personagens masculinas, mas numa visão do mundo e dos acontecimentos através de um outro olhar?”, questiona Carlos Pimenta no Prefácio que assina para o livro. Assim, o desafio lançado às autoras passou por “revisitar as mulheres de Shakespeare e dar a ver esse ‘espírito feminino’”.
Respondendo ao desafio, Fátima Vieira e Matilde Real tomaram emprestadas duas personagens de A Tempestade – Miranda e Áriel –, e criaram um novo enredo, imaginando diálogos entre as duas, partindo também elas de uma pergunta: “(…) e se um dos livros de Próspero, por onde Miranda estuda, fosse o Primeiro Fólio, onde se encontram reunidas as peças de Shakespeare?”. Como explica Fátima Vieira, foi assim que puseram Miranda a ler, efetivamente, todo o Primeiro Fólio – e, com a ajuda de Áriel, a reinterpretar os papéis femininos de algumas das principais peças do Bardo, compreendendo o que é, afinal, ser mulher.
Para Matilde Real, esta peça afirma-se como “um exercício de ousadia em que as personagens questionam quem as escreveu”.
Mulheres de Shakespeare está disponível na loja online da U.Porto Press, com um desconto de 10%.
Foto de cena: João Fitas/Ensemble