Em Quando é que Rei Lear não é Rei Lear?, Peter Holland, docente da Universidade de Notre Dame e um dos maiores especialistas contemporâneos na obra de William Shakespeare, explora os estudos de adaptação das peças do dramaturgo inglês – em especial O Rei Lear.
Publicada em português pela U.Porto Press e pelo CETAPS – Centro de Estudos Ingleses, de Tradução e Anglo-Portugueses, esta obra inaugural da Coleção New Perspectives|Novas Perspetivas da Editora da Universidade do Porto (U.Porto) será apresentada publicamente a 4 de dezembro, a partir das 18h00, no Auditório da Casa Comum (à Reitoria da U.Porto).
A apresentação ficará a cargo de Rui Carvalho Homem, Professor Catedrático, Diretor do Departamento de Estudos Anglo-Americanos da Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP) e coordenador da área de investigação “Relational Forms” do CETAPS.
A entrada é livre.
A OBRA
Nas palavras de Peter Holland, logo nas primeiras linhas deste seu ensaio, “Adaptando e não adaptando O Rei Lear para o cinema” ou “Quando é que uma adaptação de Rei Lear não é uma adaptação de Rei Lear” poderiam ter-lhe servido de subtítulo.
Em Quando é que Rei Lear não é Rei Lear? o autor debruça-se, em especial, sobre as adaptações desta icónica tragédia de William Shakespeare, abordando as suas implicações e atrativos e problematizando os seus limites.
No seu breve enquadramento a este ensaio, Rui Carvalho Homem, que organizou a publicação, clarifica o sentido de “adaptações” para Peter Holland: “as muitas instâncias de apropriação e recriação, maioritariamente por escritores e artistas do nosso tempo, de obras em regra canónicas – ou seja, de autores com lugares consagrados na história da literatura, do teatro ou de outras artes”.
O também investigador do CETAPS salienta o facto de esta ser “uma das peças do cânone shakespeariano que de modo mais evidente nos confrontam com as incertezas textuais desse cânone”. Alude, assim, a edições divergentes e a um elevado número de variantes textuais que, contudo, “têm beneficiado do favor concedido pelo nosso tempo cultural e intelectual a objetos marcados pela incompletude ou truncamento”, dado serem perspetivados como “imaginativa e criticamente mais produtivos” do que se de textos “plenamente ‘acabados’, unos e íntegros” se tratasse.
Para além de explorar os atrativos de algumas adaptações, nesta obra Peter Holland debate “os termos em que pode (…) imputar-se um nexo de derivação e consequência entre dois objetos – especificamente, entre uma peça de Shakespeare e um artefacto definido pelas condições plurimediais próprias do cinema”.
Salienta, ainda, a “valia cultural e criativa de uma adaptação, autonomamente considerada face ao objeto que lhe está na origem”, defendendo que “o estudo de adaptações é também fonte de uma compreensão mais profunda daquilo que foi objeto de adaptação; estudar adaptações de Shakespeare é também e fundamentalmente estudar Shakespeare em condições que maximizam, diversificam e (portanto) transformam a sua obra”.
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