Lançamento do livro PARIS EM 1934

Lançamento do livro PARIS EM 1934


Paris em 1934
, uma reedição do livro de crónicas de Abel Salazar, publicado em 1938, revisita a estadia de seis meses do médico, professor catedrático e investigador da Universidade do Porto (U.Porto) em Paris, bem como dos factos e circunstâncias que o (des)encantaram na capital francesa, à luz da época.

Esta publicação, coeditada pela U.Porto Press e pela Casa-Museu Abel Salazar, inaugura uma nova coleção da Editora da Universidade do Porto“Pensamento, Arte e Ciência” –, dedicada à edição e reedição de obras de Abel Salazar.

LANÇAMENTO DO LIVRO

O lançamento desta novidade editorial da U.Porto Press está agendada para o próximo dia 9 de julho, sábado, pelas 18h00, no Auditório da Casa Comum, ao edifício histórico da Reitoria da U.Porto, no âmbito da Festa do Livro e do Autor de Língua Francesa.

A sessão será conduzida por Fátima Vieira, Vice-Reitora da U.Porto para a Cultura e Museus, e contará com intervenções de Manuel Cabral, Cônsul Honorário de França no Porto, Irene Ribeiro, autora do prefácio da obra, Maria de Fátima Outeirinho, Professora Associada da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e Coordenadora Científica do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, que falará aos presentes sobre “O viajante Abel Salazar no espaço cultural francês”, e Pedro Saavedra, Presidente da Assembleia Geral da Associação Divulgadora da Casa-Museu Abel Salazar.

A entrada é livre.

SOBRE A OBRA

Poder-se-á afirmar que a estadia em Paris, entre março e setembro de 1934, foi, em certa medida, uma experiência penosa para Abel Salazar. Não parecessem “todos os seus percursos (…) todos os sítios que visita – museus, palácios, exposições, todos os sítios onde para (…)” envolvidos “por um véu deprimente e negativo”, a que chamava cafard, conforme relata Irene Ribeiro no prefácio desta obra. Foi este o sentimento que o invadiu “ao longo de toda a permanência em França”, durante a qual se dedicou “afincadamente” à sua área de investigação e “deambulou por Paris”. Abel Salazar terá vivido aquele período “mais como um exílio do que como um tempo de alegre intercâmbio intelectual – científico, filosófico e artístico”.
A autora do prefácio afirma-se perplexa “perante o sentimento de irritado desconforto manifestado por Abel Salazar neste livro”.

Segundo Irene Ribeiro, as crónicas integradas no livro articulam-se através de uma “intranquila pulsão narrativa e crítica, configurando um simultâneo testemunho do positivo e do negativo de Paris, da cultura e da barbárie em geral”.  Na sua opinião, trata-se de “narrativas inconformistas e heterogéneas, intencionalmente críticas e pedagógicas, num constante desabafo pessoal, talvez numa tentativa de cura (…) da sociedade doente, na conjuntura portuguesa de onde parte e no contexto da crise europeia dos anos 30”, que para Abel Salazar terá sido evidente em Paris.

O livro começa com uma crónica sobre um espetáculo de bailado na Ópera, cuja narrativa “manifesta desde logo uma recorrência de conteúdos” correspondentes “às suas preocupações e motivações dominantes: a sociedade e as mulheres, a qualidade estética e arquitetónica dos ‘monumentos’, a decadência e a crise da Europa, em geral”.

Para Abel Salazar, “Paris parece representar (…) o paradigma da sua própria contemporaneidade problemática e complexa”, a vários níveis: moral, sociopolítico, artístico e, mesmo, civilizacional.