Lançamento de “Memória Sobre a Difração da Luz” a 5 de julho

Lançamento de “Memória Sobre a Difração da Luz” a 5 de julho

Originalmente escrita por Augustin Jean Fresnel, engenheiro civil e físico francês que se dedicou aos estudos sobre o comportamento da luz, quer de um ponto de vista teórico, quer de um ponto de vista experimental, esta obra foi traduzida para português por Emídio Queiroz Lopes.

Memória Sobre a Difração da Luz. Premiada pela Academia das Ciências, título publicado pela U.Porto Press, será apresentado ao público numa sessão agendada para o próximo dia 5 de julho, segunda-feira, pelas 17h00, no Laboratório Ferreira da Silva, situado no Polo Central do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP), no Edifício Histórico da Reitoria (à Cordoaria).
A entrada na sessão é livre, mas sujeita a inscrição prévia para o endereço [email protected].

apresentação da obra ficará a cargo de António Pereira Leite, licenciado em Engenharia Eletrotécnica – ramo Telecomunicações – e professor aposentado do Departamento de Física e Astronomia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

A encerrar a sessão, decorrerá uma visita guiada ao Laboratório Ferreira da Silva, orientada por Marisa Monteiro, curadora da coleção de instrumentos científicos do MHNC-UP, que dará ênfase a alguns instrumentos com origem no Laboratório de Física da Faculdade de Ciências, utilizados nas décadas de 1930 e 1940 em trabalhos práticos de Ótica e relativos aos fenómenos da interferência e difração da luz.


SOBRE A OBRA

A teoria da Luz continua a ser um combate de gigantes. Grimaldi foi o primeiro a mostrar que os feixes de luz muito estreitos, provenientes de fontes luminosas pontuais, que ordinariamente se propagam em linha reta, experimentam um desvio nas arestas vivas de um obstáculo, de modo que as sombras excedem os limites determinados pelas retas tiradas do ponto luminoso para as extremidades do obstáculo.

Este fenómeno, denominado difração, sofreu diferentes explicações: primeiro na Antiguidade Clássica, em que se destacou Epicuro, natural da Ilha de Samos (341 a.C. – 270 a.C.), defensor da Teoria Corpuscular e, já na era Moderna, a Teoria Corpuscular de Newton, por acessos de fácil transmissão e acessos de fácil reflexão, mas de difícil compreensão, a Teoria Ondulatória de Fresnel e a visão superadora de Einstein, com a sua Teoria Onda-Corpúsculo, segundo a qual os objetos podem apresentar ora propriedades ondulatórias, ora corpusculares.

No prefácio a esta obra, Luís Miguel Bernardo defende que “A história desta Memória é semelhante à de muitas outras, mas não deixa de ser interessante. Em 1817, a Academia de Ciências decidiu dedicar o seu Grande Prémio de Ciências Matemáticas, um prémio bienal, ao estudo experimental e teórico sobre a difração. Encorajado por François Arago e André-Marie Ampère, Fresnel decidiu concorrer, submetendo, em 29 de julho de 1818, o trabalho que tinha produzido nos últimos anos à apreciação da Academia de Ciências. Os avaliadores foram Pierre-Simon Laplace (1749-1827), Biot e Poisson, defensores da teoria corpuscular, e também Arago e Gay Lussac (1778-1850), defensores da teoria ondulatória”. Conforme realça Luís Miguel Bernardo, “Apesar da polémica que naturalmente provocou entre os jurados, a Memória foi reconhecida, em 1819, como um trabalho merecedor do Prémio da Academia, o que deu uma grande credibilidade à teoria ondulatória.”

Nas palavras de Luís Miguel Bernardo, “A Memória sobre a Difração da Luz, na sequência de outras memórias anteriores de Fresnel, mostra que o autor conhecia e dominava profundamente o assunto da sua investigação e revela o rigor e a minúcia que colocava na abordagem aos problemas. É admirável que, no período de 4 anos e partindo de um nível de conhecimento muito baixo, Fresnel tivesse produzido uma teoria físico-matemática — a teoria da difração — que se impôs no seu tempo e que, com as devidas adaptações, continua ainda válida no paradigma eletromagnético da luz.
É igualmente notável que, num período de atividade científica de apenas dez anos, ele tivesse produzido conhecimentos tão profundos sobre a ótica: a já referida teoria da difração (1814-1818); a polarização, interpretada como a orientação do plano de vibração de ondas luminosas transversas; a teoria da reflexão e refração, contendo as leis matemáticas da refletância e da transmitância (1822), bem como a ótica dos meios anisotrópicos (1821-1822). Em todos estes trabalhos revelou ser um experimentador talentoso e um teórico genial. Foi eleito membro da Academia de Ciências de Paris, em 1823, e membro associado da Royal Society de Londres, dois anos depois. Foi justamente colocado entre os grandes físicos franceses da época clássica que construíram a República Francesa.”


SOBRE O TRADUTOR

Portuense, nascido em 1929, Emídio Queiroz Lopes licenciou-se em Ciências Físico-Químicas pela Universidade de Coimbra. Trabalhou nas indústrias petrolífera (Sacor), metalúrgica, siderúrgica (SN) e dos óleos essenciais.

Concluiu o curso de Ciências Pedagógicas e foi professor de Química, Física e Matemática no ensino básico e no ensino secundário. Fundou e dirigiu diversas escolas e foi orientador pedagógico de professores de matemática. Tem apoiado o ensino da aritmética nas primeiras idades, em regime de voluntariado, em várias instituições e escolas.

Traduziu A Geometria de Descartes, Teoria das Fluxões de Newton, publicado pela Associação de Professores de Matemática, o Tratado Elementar de Química, de Lavoisier, publicado pela Sociedade Portuguesa de Química, no âmbito das comemorações do seu Centenário, o Tratado Sobre a Luz, de Huygens e o Tratado Da Luz, de Augustin Fresnel.
É, ainda, autor de História da Química. As origens.

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