(...)"Inteligência deslumbradora, tudo abrangendo e tudo compreendendo; sempre numa atitude de firme tolerância, que é a única arma capaz de romper os diques que a intolerância opõe à libertação do espírito; alma de generosidade espontânea, dissipando às mãos cheias os primores da Ciência e da Arte para que todos os colham e considerem seu património; Abel Salazar é figura dum transcendente humanismo, ultrapassando o tempo e o meio em que viveu."(...)
(Discurso proferido pelo Dr. Eduardo dos Santos Silva no funeral do Sr. Professor Abel Salazar)
Abel Salazar, filho mais velho de Adolfo Barroso Pereira Salazar e de Adelaide da Luz Silva Lima Salazar, nasceu em Guimarães, a 19 de julho de 1889. Já no Porto, o menino que adorava comboios e sonhava ser engenheiro, estudou no Liceu Central, onde cedo revelou as suas aptidões artísticas e os seus ideais republicanos. Entre 1909 e 1915 cursou Medicina, obtendo o diploma com a apresentação da tese Ensaio de Psicologia Filosófica, à qual foi atribuída a classificação de 20 valores, pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Cinco anos mais tarde ascendeu a professor catedrático e fundou o Instituto de Histologia e Embriologia na mesma Faculdade. Entre 1926 e 1931, uma depressão afastou-o da carreira académica. No regresso à vida ativa, procurou reconstituir o trabalho científico e pedagógico. Mas por pouco tempo. Pois em 1935 foi afastado da sua cátedra e laboratório, e proibido de se ausentar do país. Dedicou-se então às suas preocupações sociais, filosóficas, políticas, estéticas e literárias e intensificou a sua produção artística. No início da década de 40, voltou à Universidade do Porto para dirigir o Centro de Estudos Microscópicos, na Faculdade de Farmácia, e trabalhou ainda no Instituto Português de Oncologia. Morreu em Lisboa, a 29 de dezembro de 1946, vítima de cancro de pulmão. -SPB