Descrição
A obra de Walter Scott, com destaque para a sua novelística histórica, é palco onde se encenam problemáticas de identidade desenhadas de acordo com linhas distintas de clivagem e interseccionamento. O próprio autor se apresentava como figura de fronteira – entre gerações, entre nações, entre tempos que a sua imaginação mediava – e como pessoa ou personagem ora oculta sob a máscara de autores fictícios, ora revelada na múltipla condição de etnógrafo, antiquário, ficcionista. A obra é percorrida por preocupações com a identidade do ser humano naquilo em que ele pode definir-se como estável ou como fluido, como autêntico ou fingido, como distinto do animal ou, pelo contrário, integrando na sua natureza um elemento indelével de bestialidade – enquanto nos animais superiores podem porventura discernir-se qualidades que os aproximam dos seres humanos. O imaginário scottiano atenta ainda no modo como o Ocidente e o Oriente, muçulmanos e cristãos, autóctones e estrangeiros se confrontam ou se atraem e toleram nas diversas circunstâncias históricas que interessam ao autor. Este estudo examina todas estas questões, enquanto temas refletidos na composição das intrigas, das figuras e situações, e da imagética do romance histórico de Scott.