Descrição
Manuel Duarte Baganha embrenhou-se desde bem cedo na complexidade da laboração industrial. O acumular de saber começou pela via da prática, no seguimento da contratação, primeiro pela Electro Central Vulcanizadora (ECV), terminado o Curso Complementar de Comércio na Escola Comercial Mouzinho da Silveira em 1939, e depois pela Manufactura Nacional da Borracha (MABOR), terminado o Curso de Contabilista no Instituto Comercial do Porto em 1945. A via da reflexão entreabriu-se com a contratação pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto em 1961, três anos após ter terminado o primeiro Curso de Economia nela ministrado. A partir de então, a permanência da ligação entre trabalho por conta de outrem, ou em regime de consultoria, e trabalho académico contribuiu para consolidar e progressivamente refinar um saber de experiência feita e melhor refletida.
O conjunto dos dez artigos selecionados para esta edição de homenagem ilustra bem o esforço desenvolvido por Manuel Duarte Baganha ao longo de mais de quatro décadas, para pioneiramente construir um modelo geral de custeio, configurado na sua essência para a laboração industrial, mas suscetível de adaptação a outras atividades. No cerne desse modelo encontra-se a questão basilar da definição e medida da própria produção (efetiva, normal, máxima), da qual deriva a questão do cálculo e imputação de custos direta e indiretamente incorridos para a obter, articulando-se ambas através de uma linguagem matemática tão mais complexa, quanto maior for a complexidade do processo produtivo e do processo de gestão da capacidade produtiva instalada. É precisamente na imbricação matematicamente modelizada do cálculo da produção e do cálculo e imputação dos correspondentes custos que radica a marca distintiva do modelo de custeio pensado por Manuel Duarte Baganha. E é precisamente esta mesma marca distintiva a razão de ser por trás do presente intuito de divulgação do seu pensamento, no âmbito da iniciativa Figura Eminente da U.Porto, através de uma coletânea dos estudos parcelares em que, ao longo de décadas, foi apurando a sua reflexão em torno do custo da produção.