ARSENICUM: um veneno divertido para curar o tédio

ARSENICUM: um veneno divertido para curar o tédio

Manuel João Monte volta a lançar uma obra em que os universos do teatro e ciência se tocam para entreter o leitor com um bom antídoto de conhecimento.


Depois de O Bairro da Tabela Periódica, Manuel João Monte volta ao condomínio para falar de um dos inquilinos mais venenosos: o arsénio. Arsenicum é mais uma obra na qual o autor alia ciência e teatro na arte de entreter e ensinar sobre o universo da Química.

Trata-se de uma “peça divertida, distribuída por três histórias de ficção centradas no arsénio, o rei dos venenos”, explica Manuel João Monte.  Tal como no livro anterior, os conflitos de género voltam a estar em destaque, numa obra em que o escritor pretende desconstruir dogmas como “o que é natural é bom'” e “o que é químico é mau”. “A Química [é] uma ciência fascinante que alguns persistem em associar a uma coisa má”, frisa.

Ao contrário de O Bairro da Tabela Periódica, o arsénio não figura como personagem principal, mas sim como peça fulcral ao longo da trama dos três atos em que se divide Arsenicum. Um composto altamente tóxico e um “histórico favorito” para envenenamentos estudado pelo professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto: “um breve artigo sobre venenos químicos [que] evoluiu para uma peça de teatro”.

Manuel João Monte admite que o “prazer” ao escrever O Bairro da Tabela Periódica o motivou a continuar na senda dos livros de “ciência no teatro”. Ainda assim, o autor admite que, para esta parceria de sucesso, é necessária uma abordagem ponderada: “o teatro, enquanto veículo divulgador da ciência, não deve ter pretensões didáticas; mas se as tiver, terão que ser suficientemente subtis para não se sobreporem ao entretenimento que o público espera quando vai ao teatro”.

Numa altura ainda assolada pelo novo coronavírus, Arsenicum aborda uma substância tóxica que chegou a assumir proporções de “quase epidemia”. “A epidemia arsénica gerou algum pânico no Reino Unido, em meados do século XIX”, conta o autor. No entanto, quaisquer parecenças da ficção com a realidade são uma mera coincidência. Apesar do “venenoso título”, Manuel João Monte espera que o livro “possa funcionar como antidepressivo, proporcionando alguns momentos de boa disposição”. “De acordo com o lema de Horacio – instruindo e deleitando o leitor”, completou o professor.

Arsenicum já se encontra à venda na loja da U.Porto Press, apresentando neste momento um desconto de 10%.