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História e Espaços

A CMAS ocupa o edifício que constituiu residência de Abel Salazar (1889-1946) e tem como missão pesquisar, conservar, interpretar e expor o legado de Abel Salazar, bem como contribuir para o estudo e divulgação da sua vida e obra, enquanto professor universitário, cientista, escritor e artista plástico.

A Casa-Museu Abel Salazar está situada na Quinta da Devesa, em São Mamede de Infesta, Matosinhos, num local de grande valor histórico. O edifício encontra-se ao longo do traçado de uma antiga estrada romana e no percurso dos peregrinos que rumam a Santiago de Compostela. Trata-se de uma típica "casa de brasileiro de torna-viagem", um estilo arquitetónico característico das habitações construídas por emigrantes portugueses regressados do Brasil no século XIX, que substituiu um antigo solar da Época Moderna. Dessa construção original, ainda hoje persiste a capela dedicada a Nossa Senhora da Apresentação, preservando parte da identidade histórica do local.

A exposição de longa duração da Casa-Museu Abel Salazar reúne um vasto conjunto de objetos que testemunham a vida multifacetada deste notável cientista, artista e pensador. Entre os itens em exibição encontram-se objetos pessoais, obras de arte, incluindo desenhos, pinturas, gravuras, esculturas e cobres martelados, além de trabalhos científicos, livros e outros escritos. Estes elementos refletem a versatilidade e a genialidade de Abel Salazar, uma das figuras mais marcantes da história da Universidade do Porto. O espaço não só preserva a memória do seu antigo habitante, como também promove o conhecimento da sua obra e do impacto que teve tanto no meio académico como na sociedade em geral.

Composta por vários espaços, a CMAS permite explorar a vida e a obra de Abel Salazar e descobrir as suas variadas dimensões, patentes nas diferentes divisões da Casa-Museu.

Rés-do-chão

No rés-do-chão da Casa-Museu Abel Salazar estão expostas algumas obras que dão o mote ao que pode ser encontrado durante a visita. É, ainda, neste piso que se pode encontrar a antiga capela do século XVIII.

No hall de entrada da Casa-Museu estão expostas pequenas esculturas, desenhos e algumas das primeiras pinturas a óleo de Abel Salazar. São paisagens do Minho, retratos da ruralidade e das aldeias de Guimarães.

Na antiga capela do século XVIII, à volta da qual se ergueu a casa, podem ser observados alguns bustos – retratos fiéis de pessoas amigas ou familiares – e um conjunto único de cobres martelados, cuja técnica e qualidade nada encontram de semelhante na arte portuguesa. A fotografia da multidão presente no cortejo fúnebre à chegada ao cemitério do Prado do Repouso, no Porto, em janeiro de 1947, documenta uma impressionante manifestação de respeito e admiração populares pela personalidade de Abel Salazar, que nem o regime fascista vigente pôde conter.


1º piso

No piso 1, três salas reconstituem o ambiente em que viveu Abel Salazar. Atelier, Sala de Estar e Sala de Jantar mantêm o mobiliário e a disposição da época, albergando hoje parte da obra plástica e literária de Abel Salazar. No Atelier encontra-se um conjunto significativo de quadros.

No Atelier, um conjunto significativo de quadros, integrados em diferentes fases da sua pintura, interpretam a mulher trabalhadora em feiras e mercados e o labor quotidiano de tanoeiras, carvoeiras e leiteiras.

Na Sala de Estar surgem as primeiras pinturas de figuras masculinas. Ao contrário do que acontece com a mulher, anonimamente presente na maior parte dos desenhos e pinturas, os homens representados são amigos ou pessoas que Abel Salazar admirava. É o caso do Dr. Santos Silva, António Luís Gomes, Henrique Pousão e Guerra Junqueiro, cujos retratos a óleo se encontram nas paredes desta sala, convivendo com pinturas de mulheres burguesas e de alguns familiares. Duas estantes contêm diversos volumes da vasta bibliografia publicada por Abel Salazar sobre os mais variados assuntos e exemplares de catálogos de exposições em que o Mestre participou. Um antigo contador merece destaque pela apropriação artística das manchas e dos veios da madeira, transformados por Abel Salazar em subtis formas femininas.

A Sala de Jantar mantém a configuração original e os móveis usados por Abel e Zélia Salazar, sua esposa. A mulher burguesa, representada pelas elegantes figuras parisienses, surge também nas paredes desta divisão, bem como um brasão de família do Mestre, reproduzido nas cadeiras que circundam a mesa.

2º Piso

O piso 2 é composto pelo Hall Científico, a Sala da Imprensa, a Sala da Gravura e o quarto de Abel Salazar.

No Hall Científico, estão expostos utensílios de laboratório, artigos científicos e desenhos histológicos de Abel Salazar, bem como outros documentos de alguma forma ligados ao seu trabalho de investigador.

A faceta humorística de Abel Salazar está patente na Sala da Imprensa, com a exposição de uma amostra considerável de caricaturas de professores e colegas e de uma das muitas cartas charadas com que gostava de surpreender familiares e amigos.


Na Sala da Gravura, são exibidas águas-fortes, pontas secas e monotipias, resultantes de um intenso trabalho em torno das várias técnicas de impressão, desenvolvido nos prelos expostos no centro da sala. Inúmeros exemplares de jornais e revistas, guardados nesta divisão, lembram a atividade de Abel Salazar como colaborador numa imprensa combativa e interessada nos problemas intelectuais e sociais do seu tempo.

No segundo piso fica, ainda, o quarto com a mobília original, iluminado por um candeeiro de cobre feito pelo próprio Abel Salazar.

Espaço Exterior

Na zona exterior da Casa-Museu Abel Salazar, além do jardim que a circunda, podemos encontrar o Pavilhão Calouste Gulbenkian, onde se realizam diversas aividades.

No Pavilhão Calouste Gulbenkian, inaugurado em 1975 e situado no jardim da CMAS, realizam-se ateliers educativos, conferências, colóquios, lançamentos de livros, concertos de música, entre outros eventos culturais. Através de exposições temporárias, promovem-se novos valores do panorama artístico nacional e internacional e expõem-se nomes consagrados da pintura, escultura, desenho, fotografia, entre outras expressões artísticas contemporâneas.