Abril, 2022

This is a repeating event

30Abr21:00Memória, Cidadania e Liberdade | Ciclo de Cinema Português21:00 Casa Comum - Reitoria da U.Porto, Praça Gomes TeixeiraEvent Type :Cinema

Detalhes do Evento

O ciclo de cinema Memória, Cidadania e Liberdade, composto por 6 filmes portugueses, inscreve-se nos meses de abril e maio, que são dias em que se festeja a memória histórica que nos trouxe, com a Revolução dos Cravos, a liberdade e o pleno exercício de uma cidadania democrática.

O primeiro filme, Revolução de Maio, irá ser exibido simbolicamente no dia 25 de abril, embora seja uma obra que nos remete para a memória da ditadura salazarista, que irá ser debatida através da narrativa cinematográfica. A partir daqui, todas as semanas às sextas-feiras, com excepção do dia 30 de Abril por
motivos de programação da Casa Comum, iremos partir da memória cinematográfica para analisar o Portugal dos séculos XX e XXI. Todas as sessões de cinema serão seguidas de debate e terão a presença de convidados de competência indiscutível e com uma visão plural sobre as temáticas abordadas.

O conjunto de filmes permite múltiplas declinações sobre a liberdade e a cidadania, partindo da recuperação da memória e do imaginário do Estado Novo para o olhar de cineastas contemporâneos sobre temas como a luta pela liberdade, a clandestinidade o papel da mulher na família e o seu estatuto na sociedade, o processo revolucionário e a desigualdade social. Mas falar-se-á sobretudo de Cinema e da sua capacidade inigualável para ler e dar a ver os sinais do tempo e revela-se o papel do Arquivo Nacional das Imagens em Movimento (ANIM) da Cinemateca Portuguesa.

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25 de abril’22 | 21h00

Revolução de Maio (1937), de António Lopes Ribeiro

Este é o mais emblemático filme de propaganda ideológica a favor da ditadura do Estado Novo e foi pensado e financiado pelo Secretariado de Propaganda Nacional dirigido pelo grande ideólogo cultural do regime, António Ferro. O protagonista, César Valente, é um jovem agitador de simpatias comunistas,vindo do exílio, que quer sabotar o regime. Enquanto é vigiado pela polícia política para apanhar todos os seus cúmplices, o jovem apaixona-se por Maria Clara e com ela vai perceber as mudanças económicas e sociais que o país teve desde 1933. Dá-se então uma espécie de “milagre” e César acaba por renegar o comunismo e aderir entusiasticamente à causa salazarista.

Comentado por: Joana Canas Marques e Pedro Alves

30 de abril’22 | 21h00

Uma Abelha na Chuva (1971), de Fernando Lopes

Esta adaptação cinematográfica do romance homónimo de Carlos Oliveira tem como protagonistas um casal, Maria dos Prazeres e Álvaro Silvestre, que vivem num meio rural e cujo casamento está longe de ser um modelo de felicidade e apenas mantém uma unidade aparente, embora opressiva e complexa.Tudo irá ser posto em causa perante as paixões e os desejos que vão surgir. Este filme traça-nos o ambiente social rígido da época e as diferenças sociais existentes na sociedade rural da época. Fernando Lopes usa uma estética próxima do novo cinema dos anos 60 e aborda este drama intimista com um “pudor agressivo” nas palavras de José Cardoso Pires. Destaque para as interpretações admiráveis de Laura Soveral e João Guedes.

Comentado por: Clara Sottomayor e Jorge Gato

06 de maio’22 | 21h00

Cinco Dias, Cinco Noites (1996), de José Fonseca e Costa.

A partir do romance homónimo de Álvaro Cunhal, escrito sob o pseudónimo Manuel Tiago, Fonseca e Costa filma o drama dos opositores políticos ao regime salazarista durante os anos 40 que tentam clandestinamente passar a fronteira para o exílio. O protagonista é André, fugido da prisão, que tenta fugir do país com a ajuda de um contrabandista, Lambaça, que domina as terras de fronteira em Trás-os-Montes. A relação entre os dois homens vai evoluir da antipatia para uma enorme admiração e respeito mútuos durante os cinco dias e cinco noites em que andam escondidos entre montes e vales.

Comentado por: Rui Sá e Gaspar Martins Pereira

13 de maio’22 | 21h00

O Meu Coração Ficará no Porto (2008), de Jorge Campos

Este documentário aborda a passagem de Humberto Delgado pelo Porto, em Maio de 1958 durante a candidatura à Presidência da República, mostrando a recepção apoteótica que teve na cidade invicta com milhares e milhares de pessoas a enchera as ruas da baixa portuense. E percebemos o que levou “o general sem medo” a dizer a frase emblemática que dá título ao documentário. Este documentário produzido pelo Instituto Politécnico do Porto mistura fotos e imagens da época com outras mais actuais e conta com a participação da filha e do neto de Delgado, além de outros protagonistas e testemunhas da época.

Comentado por: Adrião Cunha, Pedro Bacelar de Vasconcelos e Jorge Campos

20 de maio’22 | 21h00

Bom Povo Português (1975), de Rui Simões

Este documentário histórico descreve a agitada situação política e social entre o 25 de Abril de 1974 e o 25 de Novembro de 1975, ou seja, o PREC. É uma visão comprometida com uma visão política e isso é assumido pelo realizador quando afirma que a equipa de realização «ao longo deste processo, foi ao mesmo tempo espectador, actor, participante, mas que, sobretudo, se encontrava totalmente comprometida com o processo revolucionário em curso». Estamos a falar de um “cinema militante” ou de “intervenção” que usa o cinema como uma arma. E, por isso, o debate plural que se segue por parte de comentadores políticos de um geração mais nova assume um enorme interesse.

Comentado por: Carlos Guimarães Pinto, José Soeiro e Rui Lage.

03 de junho’22 | 21h00

S. Jorge (2016), de Marco Martins

Filme sobre a tragédia social provocada pela crise económica financeira em 2011, em Portugal. Jorge, o protagonista, é um jogador de boxe em decadência que se encontra sem trabalho, sem dinheiro, cheio de dívidas e com um filho a seu cuidado. Vai aguentando várias humilhações e encontra trabalho como cobrador de dívidas de quem, como ele, se encontra também em situações desesperadas. Filme realizado de forma crua, sem condescendência com sentimentalismos as consequências sociais da crise e as inúmeras e variadas violências que daí decorreram. Os locais de filmagem decorrem sobretudo nos
bairros sociais da Bela Vista e da Jamaica. Destaque para a fabulosa interpretação de Nuno Lopes que ganhou no Festival Internacional de Veneza, em 2016, o prémio de melhor actor.

Comentado por: Manuel Pizarro e Pe. Lino Maia

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Curadoria: Jorge Campos (ESMAE); Maria João Castro (ESMAE; CITCEM)

Organização: Reitoria da Universidade do Porto; CITCEM – Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória

ENTRADA LIVRE

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