Recital de Lu Yanan, pipa e guzheng

Casa Comum, 25 de fevereiro de 2023, às 21h30

A música chinesa não é uma só, mas divide-se por diferentes tradições que tanto se podem distinguir por ligeiras variações como por diferenças dramáticas. Outra coisa, aliás, não seria de esperar de um país com uma população de 1 400 milhões de habitantes, integrando 56 grupos étnicos que se espalham por um território com mais de 9 milhões de km².

Na sua missão de divulgação da cultura chinesa, o Instituto Confúcio da Universidade do Porto, em colaboração com a Casa Comum, traz até nós Lu Yanan, instrumentista e vocalista chinesa que já foi solista da Orquestra Filarmónica da China em Henan. Radicada em Portugal há quase 20 anos, Lu Yanan é uma conhecida divulgadora, entre nós, da tradição musical de uma civilização de extrema antiguidade, com mais de 5000 anos de existência.

Lu Yanan é mestre de dois instrumentos: a pipa, da família dos alaúdes, com quatro cordas e uma escala que se prolonga generosamente do braço do instrumento para a caixa de ressonância, com trastes altos que facilitam a execução de efeitos expressivos, e o guzheng, da família das cítaras, de forma oblonga, em que as cordas (entre 21 e 26), presas nas extremidades da caixa de ressonância, passam por um cavalete que determina a altura da nota. Tocado de uma forma básica, no guzheng a mão direita tange a corda livre, produzindo uma nota, e a esquerda, por pressão no outro segmento da corda, executa alterações desse tom.

Tal como não poderíamos caraterizar com poucas palavras a música clássica ocidental, assim também a música da China resiste a rápidas definições, mas é frequente que muitas das peças se revistam de um caráter descritivo, referindo-se, por exemplo, a eventos históricos, observações da natureza ou estados de espírito.

O desenvolvimento de algumas peças – particularmente de pipa – poderá surpreender o ouvinte não iniciado pela tensão, por vezes agressividade, de que o discurso musical é capaz, sendo possível estabelecer similitudes com a expressão musical contemporânea ocidental. Contudo, Lu Yanan também proporcionará outras pontes de ligação estética, incorporando no seu programa algumas músicas (um tango, uma música tradicional portuguesa) que permitirão avaliar as qualidades sonoras dos instrumentos chineses num contexto mais familiar.

Um concerto a não perder por quem queira alargar os seus horizontes de apreciação musical. Os já convertidos, esses, não precisam certamente de mais incentivos.

Entrada livre, sujeita à lotação da sala.