Fim-de-semana com o Ensemble

Os papéis femininos são marcantes nas obras de Shakespeare. Embora relegadas para segundo plano – por contingências certamente mais sociais do que dramatúrgicas – o autor inglês mostra-nos, apesar de tudo, como influenciam de forma decisiva as decisões dos homens, que se assumem como centro de decisão e poder. Afinal, o que representa e qual a relevância do espírito feminino na obra de Shakespeare e como se define num contexto assumidamente masculino que impedia as próprias mulheres de se apresentarem em cena?
Neste texto de Fátima Vieira e Matilde Real, encenado por Carlos Pimenta e realizado por Tiago Sousa e Luís Pereira na Sala Luis Miguel Cintra do São Luiz Teatro Municipal, constrói-se um espaço onde Miranda analisa a presença da mulher em algumas das principais peças da dramaturgia shakespeareana.

Isabel I foi a única mulher solteira que alguma vez governou a Inglaterra. E reinou com sucesso durante quarenta e quatro anos. O poder é um jogo e ela percebeu isso melhor do que ninguém. Não havia de ter homem, de ter dono, nem havia de gerar filhos. Não seria o que é suposto uma mulher ser, nem muito menos faria o que é aconselhável uma mulher fazer. Sobraria apenas a rainha que os séculos batizaram como virgem, pois à história é-lhe difícil distinguir a pessoa do género. Isabel foi simplesmente Isabel.
Este texto de Ella Hickson, encenado por Pedro Galiza e realizado por Luís Porto no espaço da inspiradora igreja do Mosteiro de São Bento da Vitória e no palco do Teatro Helena Sá e Costa, dá-nos um olhar eloquente e certeiro a temas contemporâneos sob um prisma histórico.

O espetáculo “Triedro + Actores”, teve a sua primeira fase de criação numa Residência Artística na Casa de Mateus, no início de 2023.
Juntando 3 músicos – que desenvolvem formas de música improvisada e de experiência sensorial – e 4 atores – em improvisação vocal com textos de Álvaro Garcia de Zúñiga e Francisco Luís Parreira, numa encenação de Jorge Pinto -, este filme realizado por Sofia Faria Fernandes é um cruzamento do registo documental feito a partir de imagens belíssimas, únicas e inspiradoras do Jardim e da Casa de Mateus e da sua benéfica contaminação no próprio processo de criação, com o registo do espetáculo no espaço do Salão Ático do Coliseu do Porto, onde estreou.