CIDAAD – Ciclo de Cinema Alemão | "Love, Deutschmarks and Death", de Cem Kaya

Featured10Dez18:00Casa Comum - Reitoria da U.Porto, Praça Gomes Teixeira18:00(GMT+00:00) CIDAAD – Ciclo de Cinema Alemão | "Love, Deutschmarks and Death", de Cem Kaya

Detalhes do Evento

CIDAAD – Ciclo de Cinema Alemão é o título do novo ciclo de cinema alemão organizado pelo DAAD (Serviço Alemão de Intercâmbio Académico) em colaboração com o Goethe-Institut Portugal e a Casa Comum da Reitoria da U.Porto.

No contexto global atual, os meios de comunicação estão saturados com uma infinidade de relatórios, imagens e documentários que revelam claramente uma verdade: quem possui poder é frequentemente tentado a abusar dele; quem tem pouco ou nenhum poder é ignorado ou sistematicamente e até marginalizado. De que forma são estas dinâmicas sociais retratadas no cinema alemão?

Nos filmes The Ordinaries de Sophie Linnenbaum (2023) e Part-Time Work of a Domestic Slave de Alexander Kluge (1973), são abordados, entre outros, o aspeto da adaptação às pressões das normas sociais e o aspeto da liberdade individual, tal como a emancipação num mundo patriarcal.

Já nos clássicos The Testament of Dr. Mabuse  de Fritz Lang (1933) e Fitzcarraldo de Werner Herzog (1982), o foco está nas estruturas de poder totalitárias e nos limites éticos das ambições humanas. É particularmente relevante mencionar que o filme de Fritz Lang foi proibido pelos nazis antes mesmo da sua estreia, e que Klaus Kinski foi acusado pela sua filha Pola Kinski de abuso sexual durante anos o que provocou uma acesa discussão sobre a sua personalidade e, ainda 20 anos após a sua morte, o expôs como um tirano implacável e abusador do seu poder.

Os filmes Berlin Alexanderplatz de Burhan Qurbani (2020) e Love, Deutschmarks and Death de Cem Kaya (2022) abordam o grande tema da migração para a Alemanha, da integração e identidade, bem como os impactos sobre os seus protagonistas e a sociedade que os rodeia.

Este ciclo proporcionará a oportunidade de construir uma ponte entre clássicos e obras modernas do cinema alemão, entendendo-os como testemunhos culturais e meios de reflexão crítica que abrem o diálogo sobre questões sociais e culturais contemporâneas. Após algumas das sessões, haverá espaço para debate entre o publico e especialistas convidados.

Todos os filmes serão exibidos na língua original com legendas em inglês
. Classificação etária recomendada: M16.

Entrada livre.

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Programa na Casa Comum:

Dia 5 NOV’24 | 18h00

The Ordinaries, de Sophie Linnenbaum (2022)

Alemanha / 124 min. / Sci-Fi-comédia/M12

Sinopse

Num mundo fantástico, rigidamente dividido entre personagens principais, secundárias e outtakes, Paula enfrenta o desafio mais importante da sua vida: tem de provar que tem o que é preciso para ser uma personagem principal. Paula quer uma vida glamorosa, com uma narrativa própria, cenas emocionantes e cheia de música – não como a sua mãe, que trabalha como personagem secundária nos bastidores. As suas investigações levam-na aos desprezados e oprimidos outtakes, pessoas com erros de filmagem, à margem da sociedade. No entanto, em vez de rebeldes perigosos, encontra figuras quebradas com emoções verdadeiras, que tentam sobreviver num mundo injusto. Paula começa a duvidar – de si mesma, do seu lugar na história e daqueles que a contam. No seu filme de estreia, Sophie Linnenbaum desmonta a construção de ordem social, classe e identidade, levando-as ao ridículo.


Dia 12 NOV’24 | 18h00

The Testament of Dr. Mabuse, de Fritz Lang (1933)

Alemanha / 122 min / Suspense-thriller /M16

Sinopse

O génio de crime Dr. Mabuse (Rudolf Klein-Rogge) está internado em um sanatório. Lá, ele elabora incessantemente, como um louco, planos de assassinatos e terror. Seu legado é um testamento com instruções para cometer crimes. Através de habilidades telepáticas, ele manipula as pessoas ao seu redor e continua a espalhar medo e terror, mesmo após sua morte. O comissário Lohmann (Otto Wernicke) depara-se com um enigma. Quem está transmitindo as ordens de Dr. Mabuse? Será que ele ainda pode impedir a criação de um “reinado do crime”? Fritz Lang lançou com O Testamento do Dr. Mabuse a base para o gênero atual de filmes de crime e mistério. O filme foi proibido pelos nazistas antes mesmo de sua estreia em 1933.


Dia 18 NOV’ 24 | 18h00

Berlin Alexanderplatz, de Burhan Qurbani (2020)

Alemanha, Holanda / 183 min. / Drama

Sinopse

Francis sobreviveu à fuga da África Ocidental. Quando desperta numa praia no sul da Europa, está decidido a levar, a partir de agora, uma vida organizada e honesta. No entanto, a Berlim dos dias de hoje, onde ele chega, não trata o apátrida sem autorização de trabalho com menos impiedade do que o operário Franz Biberkopf vivenciou no clássico da literatura alemã de Döblin. Assim, Francis recusa inicialmente a oferta para traficar drogas no parque Hasenheide, mas acaba por se deixar influenciar por Reinhold, o seu companheiro neurótico, viciado em sexo e que lhe dá abrigo. Quando Francis conhece Eva, a dona de um clube, e – depois de algumas experiências marcantes – a acompanhante Mieze, sente pela primeira vez algo que até então desconhecia e que Reinhold, especialmente, não lhe deseja: um pouco de felicidade. Tal como a sua inspiração literária, também o contemporâneo Berlin Alexanderplatz trata de sociedade e marginalização, desejo e travestia. Não muito diferente da versão de Fassbinder, o épico de Qurbani é uma viagem sombria através da “noite escura da alma” – e, acima de tudo, por um exílio captado de forma autêntica e atmosférica: Berlim.
 


Dia 3 DEZ’24 | 18h00

Part-Time Work of a Domestic Slave, de Alexander Kluge (1973)

Alemanha / 89 min. / Drama

Sinopse

Part-Time Work of a Domestic Slave é o segundo filme de Alexander Kluge, após Abschied von gestern (1966), estrelado por sua irmã Alexandra. Roswitha Bronski é uma enfermeira casada com o engenheiro químico Franz Bronski, e mãe trabalhadora. O seu mundo é um verdadeiro turbilhão de caos, marcado por crianças a gritar, um marido desagradável, exigente e desempregado, e tumultos numa fábrica que corre o risco de ser deslocalizada para Portugal. Roswitha precisa de sustentar a sua família, gerindo uma clínica de abortos ilegal. Entretanto, na clínica, os médicos começaram a recusar o pagamento das taxas de encaminhamento, o que coloca Roswitha numa posição extremamente desafiante. A partir daí, ela abandona a sua passividade e inicia uma jornada para se redefinir como mãe, esposa e mulher trabalhadora, numa sociedade ameaçada por uma globalização precoce.

Debate com Rita Capucho (Porto Femme); Katharina Baab (DAAD) & José Rios (Goethe-Institut Portugal)


Dia 10 DEZ’24 | 18h00

Love, Deutschmarks and Death, de Cem Kaya (2022)

Alemanha / 102 min. / Documentário

Sinopse

Com o acordo de recrutamento com a Turquia em 1961, chegaram à Alemanha não só as pessoas, mas também a música dos trabalhadores imigrantes. O denso ensaio documental de Cem Kaya é uma aula sobre a história contemporânea turco-alemã: trabalhos em linhas de montagem, saudades de casa e a vinda das famílias, o bazar na estação elevada de Bülowstraße em Berlim, xenofobia e racismo, as canções nostálgicas dos primeiros anos e o hip-hop da era pós-reunificação. Tudo isso é contado pelos músicos, começando com Metin Türköz e Yüksel Özkasap, passando pelos psicadélicos Derdiyoklar até ao rapper Muhabbet, que chegou às tabelas de sucesso. A sua música desenvolveu-se à margem das bandas alemãs, sempre sustentada pela comunidade turca e as suas necessidades. Fala-se da Rádio Yilmaz, de várias editoras de cassetes, do exílio alemão do roqueiro de protesto Cem Karaca e de bandas de casamento que também cantam em curdo e árabe para satisfazer o mercado. A extensa pesquisa de arquivo e o interesse pela cultura popular turca são temas recorrentes na obra de Cem Kaya. Com “Liebe, D-Mark und Tod” (“Aşk, Mark ve Ölüm”), ele cria um compêndio cinematográfico ritmado e cheio de vida sobre a música turca na Alemanha.

Fonte: 72.º Festival Internacional de Cinema de Berlim (Catálogo)

Debate com Bruno Vial; Moderação: Katharina Baab (DAAD) & José Rios (Goethe-Institut Portugal)


Dia 17 DEZ’24 | 18h00

Fitzcarraldo, de Werner Herzog (1982)

Alemanha / 154 min. / Drama

Sinopse

O excêntrico Brian Sweeney Fitzcarraldo está obcecado com a ideia de construir uma grande casa de ópera no meio da intocada floresta amazónica. Com as economias da sua namorada, Molly, a dona de um bordel, Fitzcarraldo compra um velho barco a vapor. Com ele, pretende navegar até uma região inexplorada de seringueiras para ganhar o dinheiro necessário para a construção. A borracha é considerada o ouro da selva. Para evitar as perigosas corredeiras na foz de um rio, o obcecado desenvolve um plano impressionante: centenas de índios terão de transportar o enorme navio por uma encosta intransponível da floresta tropical…


Hora

18{06}00 6:00pm(GMT+00:00)

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