Janeiro, 2023

21Jan17:30A PSICOTERAPIA NO TRATAMENTO DA NEURASTENIA (1912) | Apresentação de Livro17:30 Casa Comum - Reitoria da U.Porto, Praça Gomes TeixeiraEvent Type :Apresentação de livro

Detalhes do Evento

Até hoje, nas poucas publicações disponíveis acerca da história da psicoterapia portuguesa, era consensual atribuir a Egas Moniz a autoria do primeiro trabalho científico acerca de psicoterapia (psicanálise), em 1915. A sua lição inaugural do Curso de Neurologia (de uma série de três) intitulada As Bases da Psicanálise marca o início formal da exploração da teoria psicanalítica no meio académico português.

No entanto, em 1912, Figueiredo Valente escreve a sua dissertação inaugural na Faculdade de Medicina de Lisboa, sob orientação de Egas Moniz, intitulada A Psychotherapia no tratamento da neurasthenia. Esta obra, até ao momento nunca citada na literatura sobre a psicoterapia, é o primeiro trabalho de fundo inteiramente dedicado à psicoterapia elaborado por um autor português.

Trata-se de um texto de grande valor histórico, não só por ser o primeiro, mas por permitir compreender o pensamento e as práticas da época, tão pouco documentados. Aborda as práticas terapêuticas sugestivas, como o hipnotismo, mas fá-lo argumentando que estas levantam obstáculos de ordem ética, recomendando, pela primeira vez, que seja substituída por uma prática psicoterapêutica baseada na persuasão e na reeducação moral. Tem também o condão de alargar a discussão da época, previamente resumida à tentativa de compreender o doente, ao colocar na equação, pela primeira vez, o papel e a preponderância do médico e, consequentemente, da relação terapêutica nos cuidados a prestar.

O prefácio de José Morgado Pereira permite contextualizar a obra nos contextos nacional e internacional, descrevendo o período pré-psicanalítico das psicoterapias.

O comentário de Luís Fernandes promove uma reflexão acerca da evolução das psicoterapias até aos dias de hoje, partindo dos principais temas abordados por Figueiredo Valente e tecendo considerações acerca de como são presentes na contemporaneidade.

Esta apresentação terá lugar na Casa Comum (Reitoria da U.Porto), no dia 21 de janeiro, às 17h30.

A entrada é livre

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SOBRE CARLOS DE FIGUEIREDO VALENTE: pouco se conseguiu apurar acerca da biografia de Carlos Figueiredo Valente. Apenas que cursou Medicina na Faculdade de Medicina de Lisboa, tendo como professores, de entre outros, Júlio de Matos (psiquiatria), Sobral Cid (psiquiatria forense) e Egas Moniz (neurologia). É este último que mais contribui para a redacção da sua dissertação inaugural, prova pública realizada em 1912 e agora reeditada, que marca a conclusão do seu ciclo formativo em Medicina.

SOBRE JOSÉ MORGADO PEREIRA: médico psiquiatra, doutorado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e investigador do Centro de Estudos Interdisciplinares (CEIS20). Últimas publicações: «A Neurastenia em Portugal: Apogeu e declínio», Estudos do Século XX (2019); A Psiquiatria em Portugal nas primeiras décadas do Século XX: Protagonistas, Imprensa da Universidade de Coimbra (2020). Colaborou na revisão científica da obra Arquipatologia (1614), de Filipe Montalto.

SOBRE LUÍS FERNANDES: professor da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto. Especialista em Psicologia da Justiça e da Desviância, leccionou, durante mais de 20 anos, Epistemologia e História da Psicologia. É membro da Comissão de Ética e do Conselho Nacional dos Psicólogos da Ordem dos Psicólogos Portugueses. Última publicação em livro: As Lentas Lições do Corpo – Ensaios Rápidos sobre as Relações Entre o Corpo e a Mente.

SOBRE TIAGO PRÍNCIPE: Psicólogo e psicoterapeuta. Docente da Hanze University of Applied Sciences – Groningen, Países Baixos. Investigador do Centro de Estudos Interdisciplinares (CEIS20), e doutorando em História das Ciências e Educação Científica. Fundador e editor da Taiga.

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