Agustina à Boca de Cena

O escritor, escreve. O leitor, lê. Aqui, à boca de cena*, ouve. 

Tem a palavra Agustina.

O lugar perfeito para fazer entrar aqueles que vêm falar de si, ou dos outros, ou de nada. Porque o nada também é importante para agitar os vazios. É como o vento que desliza por entre as árvores, sibilante, criando correntes, e inesperados encontros. Assim, nesta boca de cena, vai-se falar o tudo e o nada.

O ouvinte às vezes suspende a respiração; outras vezes comove-se; outras vezes surpreende-o a cólera; outras vezes adormece.

Tudo vale, afinal, para estimular o convívio que se vem perdendo.

Vão entrando!

Por Mónica Baldaque

 

*Este título é de um artigo de Agustina Bessa-Luís, publicado no Diário de Notícias, Lisboa, ano 127.º, n.º 44 615. Opinião: Árvore de Espinho, 18 de Maio de 1991, p. 9.