Apresentação
“Não há território sem imaginário do território [...]
Enquanto projecto, o território é semantizado.
É suceptível de discurso. Tem um nome”
André Corboz
O território é um produto social em contínua transformação. Tece-se na tensão e nos (des)encontros entre o conjunto de acções e representações, discursos e debates, imagens e projectos colectivamente produzidos que conferem sentido(s) à realidade e definem plataformas da vida em comum.
Na cidade continuada do Vale do Ave parecem faltar leituras partilhadas e, sobretudo, consensos sobre o que este território é e sobre o que se pretende que ele venha a ser. Nem nas habituais codificações do que seja cidade e campo ou urbano e rural, nem nos modelos disciplinares de planeamento e desenho urbano, encontramos os instrumentos adequados ao entendimento destes territórios, essencial para guiar a sua transformação. Torna-se por isso necessário um processo alargado de construção colectiva que nos ofereça leituras sobre esta realidade, e nos permita determinar quais os temas sobre os quais importa deliberar, quais os projectos de futuro, e como podemos fundamentar e legitimar essas escolhas.
Na conferência “Território: Casa Comum”, autores de referência de diferentes áreas disciplinares vão juntar-se para, juntos, pensarmos este território: quais os modos de o olhar e representar?, quais as formas de o planear e gerir?, como se inventa, afinal, esta realidade?
Com esta conferência encerra-se o projecto “Território: Casa Comum”, resultado da parceria entre o grupo de investigação Morfologias e Dinâmicas do Território do Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto e a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão.
Iniciado em Julho de 2015 com a abertura da exposição na Casa do Território, o projecto integrou excursões por terras do Médio Ave, conversas públicas entre alguns dos mais relevantes actores locais e oficinas de discussão e cartografia crítica com diferentes grupos de técnicos, estudantes e moradores. Com a diversidade das aproximações e dos temas, pretendeu-se dar a ver o território convocando vivências e modos de ler, partilhar, reflectir e habitar. Tratou-se apenas de cumprir uma etapa de um processo contínuo de construção em conjunto, que não encontra aqui nem o seu início nem o seu fim, mas que terá de ser constantemente alimentado e dinamizado.
A conferência propõe um ponto de situação: ao mesmo tempo, momento de síntese e de alargamento do debate, onde se irá reflectir sobre o que podemos aprender com esta cidade continuada e aquilo que nela podemos projectar como ideia para avançar.