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Stephen Hawking: o desafiador de limites

Título – Stephen Hawking: o desafiador de limites  – Stephen Hawking – the challenger of boundaries 
Autor – Bruno Nobre
Palavras-chave – ciência, história da ciência (science, science history)
Tema – Religião, Ciência

O exemplo de Hawking é inspirador, sem dúvida, para quem enfrenta a doença na primeira pessoa.   Ao mesmo tempo, a vida desafia-nos a não desistir de lutar por uma sociedade onde os frágeis possam ter um lugar.

Artigo publicado em Ponto SJ, a 17 de Março de 2018.

Na passada quarta-feira, dia 14 de março, a internet e os meios de comunicação ofereceram uma longa ovação a Stephen Hawking, o físico Britânico que enfrentou com inspiradora bravura os obstáculos que a doença colocou no seu caminho. Diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica aos 21 anos, Hawking superou em mais de cinquenta anos a escassa esperança de vida que a medicina antecipava.

Hawking foi um homem em muitos aspetos excecional, e a tenacidade com que enfrentou a doença não é certamente o menor deles. Hawking foi capaz de fazer muito com pouco. É justo dizer que aproveitou ao máximo a sua vida, superando de forma improvável as limitações que a doença lhe foi impondo. Hawking não foi apenas um sobrevivente. Confinado à exiguidade de uma cadeira de rodas, soube aproveitar a sua vida ao máximo e fez render de forma extraordinária as capacidades que a doença não conseguiu roubar-lhe. O astrónomo Britânico Martin Rees captou de forma precisa o espanto e a admiração de todos nós: «Que triunfo foi a sua vida!». Paradoxalmente, a figura frágil do físico genial que sucedeu a Newton na sua cátedra e rivaliza com ele na popularidade, parecia-nos imortal: Hawking tornou-se um cidadão perene do nosso imaginário comum. A sua memória permanece como precioso estímulo para todos aqueles, e são tantos, que convivem com as limitações impostas pela doença. É possível fazer muito com pouco! A improvável longevidade de Hawking, e a fecundidade inspiradora da sua vida, são mérito próprio. Seria injusto, no entanto, não reconhecer que Hawking não poderia ter chegado tão longe sem toda a ajuda médica e tecnológica que ao longo dos anos foi recebendo. O exemplo de Hawking é inspirador, sem dúvida, para quem enfrenta a doença na primeira pessoa. Ao mesmo tempo, o exemplo da sua vida desafia-nos a não desistir de lutar por uma sociedade onde os frágeis possam ter um lugar.