O Centro de Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB) fez hoje um apelo aos olivicultores acerca da mosca-da-azeitona, que tem vindo recentemente a causar prejuízos nos olivais portugueses. Esta praga pode ser combatida de forma rápida e eficaz através de dois modelos desenvolvidos por uma investigadora desta instituição.
No início deste mês, a Associação de Olivicultores do Sul fez-se ouvir, mostrando preocupação com os danos que a mosca-da-azeitona (Bactrocera oleae) está a provocar nos olivais e que pode ameaçar a produção de azeite.
O verão ameno com episódios de chuva proporcionou as condições mais favoráveis ao desenvolvimento deste inseto dentro da azeitona. O prejuízo é sobretudo causado pela perfuração que a mosca faz, para sair, em estado adulto.
"O furo causado pela mosca vai provocar a entrada de microrganismos e fungos que diminuem a qualidade do azeite, sendo responsáveis por uma maior acidez", explica ao Ciência 2.0, Fátima Gonçalves, investigadora do CITAB que, em 2011, criou dois métodos que permitem um combate a esta praga.
"Neste momento aconselhamos os olivicultores a fazer a recolha da azeitona e a produção de azeite o mais rapidamente possível", apela, referindo que este inseto está atualmente a preparar uma nova geração. "Há uma grande quantidade de larvas que já estão na parte final do seu desenvolvimento e é importante fazer colheita antecipada para evitar que um grande número de larvas faça a perfuração". A investigadora salientou que nesta altura, como não têm condições para completar o ciclo, as larvas saem da azeitona e passam o inverno no solo à espera de ter novamente oportunidade de se desenvolverem.
Indicar em que altura agir e prevenir prejuízos
Devido a estes constrangimentos a investigadora decidiu recuperar os dois modelos que desenvolveu para a Terra Quente Transmontana (associação de munícipios que inclui Alfândega da Fe, Carrezeda de Ansiães, Macedo de Cavaleiros, Mirandela, Vila Flor) no âmbito da sua tese de doutoramento.
"Um diz exatamente em que fase de desenvolvimento está a mosca, tendo em conta a temperatura registada, permitindo fazer tratamentos adequados nas fases do ciclo em que estão mais vulneráveis e existe um outro que prevê os ataques desta praga através de uma equação simples em que o agricultor escreve quantos adultos tem nas armadilhas e fica a saber quantos frutos foram atacados", descreve.
Fátima Gonçalves salienta ainda que são "modelos fáceis e rápidos" de aplicar, recorrendo apenas a um computador, e que o CITAB está disponível para, caso haja interesse, fazer chegar a informação às associações de agricultores.
Foto: Wikimedia commons