A Sociedade Portuguesa de Ciências da Nutrição e Alimentação (SPCNA) divulgou, hoje, novos resultados do estudo “Alimentação e Estilos de Vida da população Portuguesa”. A investigação concluiu que a nossa alimentação é pouco saudável, e isso reflete-se desde a infância.
As crianças e adolescentes portugueses têm, em média, um índice de massa corporal (IMC) superior aos valores de referência da Organização Mundial de Saúde (OMS). Aos oito anos, por exemplo, metade dos rapazes têm excesso de peso e 25% são obesos. Os dados fazem parte da “Avaliação antropométrica de crianças e adolescentes portugeses”, apresentada esta quinta-feira, dia mundial da alimentação, no Décimo Primeiro Congresso da SPCNA.
A avaliação, feita a 2163 crianças entre os três e os 17 anos, indicou que estas são mais baixas e têm um peso e um IMC superior, quando comparadas com os valores de referência da OMS. Esta discrepância é mais acentuada até aos dez anos e é maior no sexo masculino.
Dóris Freitas, uma das autoras do estudo, alerta: “As conclusões são preocupantes, pois crianças obesas terão tendência a ser adultos obesos”.
“Estamos longe de ter uma alimentação saudável”
Também no âmbito do estudo “Alimentação e Estilos de Vida da população Portuguesa”, foram avaliados os hábitos nutricionais dos portugueses. “Estamos longe de ter uma alimentação saudável”, concluiu a investigadora Sílvia Pinhão.
Em comparação com os objetivos da Organização Mundial de Saúde, ingerimos gordura, açúcar e proteínas em demasia. Pelo contrário, há um défice de fibras, hidratos de carbono e micronutrientes, na nossa alimentação.
“O défice no consumo de micronutrientes é um problema à escala global”, realça. A nutricionista aponta que 47% da população não ingere fruta diariamente, o que resulta num défice de vitamina C, e 51% não inclui o peixe na alimentação diária, o que desencadeia uma carência de iodo.
O estudo foi planeado e promovido pela SPCNA, no âmbito de um protocolo de mecenato científico. Teve como objetivo geral avaliar o estado nutricional, ingestão alimentar, outras dimensões dos estilos de vida e variáveis relacionadas com o estado de saúde da população portuguesa, com base numa amostra representativa de 3047 pessoas.
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