Um grupo de investigadores norte-americanos e alemães desenvolveram um novo medicamento que destrói os micróbios e impede que desenvolvam resistência. O estudo foi hoje publicado na revista "Nature".
Os cientistas testaram o composto — a teixobatina — em ratos, com sucesso. Os animais não revelaram efeitos secundários, nem se deu o aparecimento de outras bactérias. A teixobatina mostrou potencial para combater vários agentes patogénicos, como a Staphylococcus aureus, responsável por graves infeções hospitalares.
A descoberta aconteceu durante um rastreio a dez mil organismos recolhidos em amostras do solo, através de um "método inovador para aceder a bactérias não cultivadas", refere ao Ciência 2.0 Kim Lewis, responsável pela investigação.
O cientista explica que os antibióticos feitos à base de microrganismos do solo terminaram em 1960, devido à dificuldade ao cultivá-los em laboratório. Ficaram por estudar 99% das espécies. Neste estudo, os investigadores conseguiram isolá-las e fazê-las crescer com métodos de cultura no próprio ambiente natural da bactéria ou aplicando fatores de crescimento específicos no laboratório.
Através deste método, os especialistas consideram que outros novos medicamentos podem surgir nos próximos anos.
A equipa de trabalho não garante, no entanto, que estas bactérias não venham mais tarde a desenvolver resistências. O composto destrói as paredes celulares dos agentes, um método semelhante ao que já utilizava a vancomicina, descoberta nos anos 50. As bactérias não foram capazes de desenvolver resistência a essa substância durante três décadas.
O grupo de especialistas está agora a trabalhar na realização dos primeiros testes em humanos. Kim Lewis considera que o antibiótico poderá estar disponível dentro de cinco anos.
Foto:flickr/NIAID
Na foto: Staphylococcus aureus