Investigadores da McGill University, no Canadá, descobriram a existência de uma rede de neurónios, numa área específica do cérebro, que definem a capacidade de concentração. O estudo publicado na revista "Neuron" pode ajudar a perceber melhor problemas como o défice de atenção, autismo e esquizofrenia.
"Demonstrámos, pela primeira vez, que a área do córtex pré-frontal lateral contém um mapa de atividade da relevância dos comportamentos e objetos", indica ao Ciência 2.0 Julio Martinez, responsável pela investigação. "O que fizemos foi 'ler' essa atividade a partir do mapa e fomos capazes de descodificar a forma como os neurónios atuam consoante a atenção que é dada a determinada situação", refere.
O especialista realça a importância da investigação, que demonstra que são as alterações nessa área do cérebro as responsáveis por causar algumas doenças neurológicas.
Durante o estudo, os investigadores analisaram a atividade cerebral em macacos que visualizavam objetos no ecrã de um computador, através de microchips que emitem sinais quando detetam estados de concentração do animal. Esses sinais passaram, de seguida, por um descodificador, que traduz os cálculos feitos pelo cérebro quando há um estado de atenção.
"Com esta experiência conseguimos perceber o mecanismo da concentração e dar os primeiros passos sobre as razões por que este processo, por vezes, falha", explica Julio Martinez.
O próximo passo da investigação será determinar, com maior pormenor, o mapa de atividade do cérebro na área do córtex pré-frontal. "Pretendemos simular, em computador, diferentes atividades cerebrais. Queremos produzir uma grande variedade de estados de atenção e imitar distúrbios observados em humanos de forma a conseguirmos estudá-los melhor", conclui.
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