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© Flickr/finchhollow
Artigo
Publicado em 11/4/2014 por Cláudia Azevedo

Sabia que comer amendoins, tomar um antibiótico ou ser alvo de uma picada de uma abelha pode ser fatal? A essa reação alérgica grave, de início rápido e envolvimento sistémico, chamamos anafilaxia.

Natalie Giorgi tinha apenas 13 anos quando uma sobremesa feita com manteiga de amendoim lhe roubou a vida, em 2013. A adolescente era alérgica ao amendoim e, em poucos minutos, começou a vomitar e a ter dificuldades em respirar, até que teve um choque anafilático e não resistiu.

Mais sorte teve o ex-vocalista dos Oasis, Liam Gallagher. O próprio conta que, depois de comer um chocolate recheado com amendoim, sentiu a boca e a garganta inchadas, tendo recorrido a tempo ao hospital.

Como explica João Fonseca, médico imunoalergologista, “a anafilaxia é uma reação alérgica com início entre alguns minutos a poucas horas e que envolve diferentes órgãos e sistemas do corpo humano, podendo ser fatal”.

Esta reação pode acontecer com medicamentos, alimentos e picadas de insetos. “Os alimentos mais associados à anafilaxia são os mesmos que provocam alergias menos graves, nomeadamente o leite, o ovo, o marisco, frutos secos e, cada vez mais, vegetais e frutos (pêssego, maçã, cereja) frescos. Noutros países, o amendoim é um dos mais citados”, nota.

Quanto aos medicamentos, alguns antibióticos e anti-inflamatórios não esteroides, bem como anestésicos, são os que provocam mais vezes anafilaxia. As picadas de himenópteros (abelha e vespa) são outras das causas descritas.

“A maior parte das pessoas alérgicas a estes alergénios não desenvolve reações anafiláticas, muito menos choque anafilático. No entanto, é preciso estar alerta aos sintomas. Nove em cada dez pessoas têm sintomas cutâneos (urticária e pele vermelha, designadamente nas mãos e nos pés, exantema (erupção cutânea) ou angioedema (inchaço dos lábios e dos olhos). Juntamente com os sintomas cutâneos, “ocorrem quer sintomas respiratórios, semelhantes aos de uma crise de asma, quer gastrointestinais (principalmente cólicas e vómitos), quer quebra de tensão, desmaio, incontinência e, mais raramente, convulsões”.

De acordo com o especialista, “a quebra de tensão arterial após contacto, acidental ou não, com o alergénio conhecido é considerada uma emergência, obrigando a tratamento imediato. Quando se trata de uma primeira reação ao alergénio, o atingimento da pele e de outros órgãos, com progressão rápida, constitui também uma emergência. Os doentes descrevem ainda uma sensação de perigo iminente diferente do medo ou do pânico, habitualmente associado a um sabor metálico na boca”.

Conforme o médico salienta, “a anafilaxia nas formas mais graves é rara. Na Europa, estima-se que 0,5% da população possa vir a ter um caso de anafilaxia”.

O tratamento consiste na administração de adrenalina subcutânea. “É fundamental que as pessoas que tenham tido reações alérgicas sejam devidamente diagnosticadas e saibam exatamente a que substâncias são alérgicas. Se o diagnóstico for confirmado, as pessoas devem evitar os alergénios, devem ter sempre um auto-injetor de adrenalina e devem utilizá-lo no início de uma reação. Um dos problemas, nomeadamente no Reino Unido, onde há estudos, é que uma proporção importante de doentes que acabaram por falecer tinha a adrenalina consigo, mas não a administrou”, lamenta.

Em 2014, a “Semana Mundial da Alergia” (7 e 13 de abril) foi dedicada precisamente à anafilaxia, sob o lema "Anafilaxia – quando a alergia é grave ou fatal".

Foto: Flickr/finchhollow


 

 

 

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