Um estudo do Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), divulgado esta semana, revela que três quartos dos jovens entre os 14 e os 25 anos apresentam sintomas de vício em relação à Internet.
“Os dados são preocupantes! 73,3% dos inquiridos apresentaram dependência moderada. A média europeia não chega aos 50%”, adverte Ivone Patrão, coordenadora do estudo, em entrevista ao Ciência 2.0.
Em termos de perfil a investigação indica que os dependentes são, principalmente, “rapazes, com menor supervisão familiar e pior rendimento escolar”. “O primeiro sinal de alerta é o isolamento”, refere a investigadora exemplificando: “os pais devem estar atentos se o jovem não sai do quarto para partilhar as refeições com a família ou se não se relaciona com amigos”.
Treze por cento dos inquiridos apresentam mesmo níveis graves de dependência. Nestes casos, é necessária uma intervenção médica, “com terapêuticas psiquiátricas”.
O mundo está cada vez mais online
Ivone Patrão salienta que “os jovens estão a deixar de desenvolver competências de relacionamento face a face”. Segundo a investigadora, a socialização direta está a ser substituída por uma socialização online.
Os investigadores do ISPA inquiriram 900 jovens, com idades entre os 14 e os 25 anos, com um modelo de questionário mundialmente utilizado. Foram considerados como sintomas de dependência, por exemplo, o grau elevado de importância conferido ao computador ou aos dispositivos móveis, o grande número de horas online, e sintomas de abstinência face ao não uso (irritabilidade, dores cabeça, agitação e agressividade).
Estes dados surgem numa altura em que um outro estudo mostra um aumento gradual da cobertura mundial de internet pública. A iPass, empresa fornecedora de internet via wireless, concluiu que existe, no mundo, um hotspot público de internet para cada 150 pessoas. O estudo hoje divulgado mostra ainda que metade dos hotspots existentes estão na Europa.
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