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Artigo
Publicado em 29/1/2013 por Cláudia Azevedo

Partindo das hipóteses sobre o envelhecimento e com o conhecimento acumulado resultante da investigação científica, o que podemos fazer para viver mais tempo?

Hoje já é possível prolongar a longevidade de várias espécies através da modificação genética orientada. Em algumas dessas espécies, está demonstrado que a alteração de um gene aumenta consideravelmente a sobrevida, embora à custa de uma diminuição do tamanho e da redução da fertilidade.

Mas também é possível aumentar a longevidade em seres vivos sem recorrer à manipulação genética, através da restrição calórica. Está cientificamente provado que comer continuadamente menos 30-40% de calorias prolonga a vida das leveduras, ratos e até macacos.

Segundo o referido estudo, a restrição calórica, sem malnutrição, diminui a mortalidade relacionada com a idade. Ao fim de 30 anos, 80% dos macacos (Rhesus) sujeitos a dieta estavam vivos contra apenas 50% no grupo controlo, que fez uma alimentação normal. No primeiro grupo, registou-se também um atraso no início de patologias relacionadas com a idade, como a diabetes, o cancro e as doenças cardiovasculares.

Por outras palavras, este estudo mostra que comer menos abranda o processo de envelhecimento nos primatas. Faz sentido. Afinal, quanto menos se come, menos se metaboliza e menos radicais livres são produzidos. Logo, envelhece-se e morre-se menos. É este o racional.

E no ser humano? É tentador transpor os resultados das experiências no macaco para o Homem. Para já, os estudos demonstram benefícios sobre a saúde, como a redução do peso, da hipertensão, da glicemia e da aterosclerose, bem como um aumento da sensação de bem-estar.

Apesar das dificuldades em adotar um modo de vida assim, a restrição calórica tem já muitos seguidores. Foi mesmo criada a Calory Restriction Society, nos Estados Unidos da América. É uma sociedade científica, com cientistas conhecidos e respeitados. Tem site e organiza reuniões regulares.

Superantioxidantes: é preciso saber quando parar

Para quem não está disposto a passar fome, a solução pode estar numa alimentação saudável e numa vida regrada. Em 2008, um estudo da Universidade de Cambridge revelou a receita para viver até mais 14 anos: não fumar, beber com moderação, fazer exercício e comer cinco porções de fruta e legumes por dia.

Há também ensaios que provam que os antioxidantes (como os citrinos, os licopenos e os polifenóis) prolongam a vida celular. O tomate, o vinho tinto (rico em resveratrol e outros polifenóis) em pequena porção, o sumo de laranja, o chá verde, as amoras, as alcachofras e os brócolos serão, nesse sentido, alimentos indispensáveis. Talvez não por acaso, a Madame Jeanne Louise Calment, o ser humano que viveu mais anos, 122 ao todo, dizia que a receita da sua longevidade era vinho do Porto, azeite e alegria.

Apesar de haver evidência de benefícios dos antioxidantes em meios de cultura e até em ratos, não há certeza de que estas substâncias só por si prolonguem a vida dos organismos. Para muitos, mesmo assim, vale a pena tentar.

Bom mesmo era que houvesse uma pílula milagrosa, pensam alguns. E para tal, o mercado tem uma vasta oferta. Experimente pesquisar no Google as palavras suplementos e superantioxidantes.

O problema é que o excesso de vitaminas, especialmente das vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K), também pode ser perigoso para a saúde. A partir de determinadas concentrações, podem mesmo ser pró-oxidantes e causar danos no organismo. Daí que os médicos tenham cautelas na sua prescrição.

Além dos antioxidantes, outras substâncias têm sido apontadas como benéficas na luta contra o envelhecimento. A fosfatidilcolina, extraída da lecitina de soja, o ómega 3, o ginkgo biloba e a melatonina são apenas alguns exemplos.

Também a dehidro-epi-androsterona sulfatada (DHEA-S), uma hormona esteróide que tem origem essencialmente na glândula suprarenal, foi apontada como possuidora de um efeito anti-envelhecimento. A partir dos 30/35 anos, esta hormona declina de uma forma regular até ao fim da vida. Porém, só terão beneficiado da sua administração doentes padecendo de depressão marcada, situação em que a administração da DHEA-S trouxe melhorias. Em relação à longevidade, porém, não está provado o seu benefício. Por outro lado, alertam as autoridades, esta hormona pode aumentar o risco de cancro da próstata. O risco de doenças cardiovasculares também não está excluído.

De igual forma, a rapamicina, um imunosupressor, prolonga a vida de ratos geneticamente heterogéneos, sejam machos ou fêmeas. Se os resultados pudessem ser extrapolados directamente para o ser humano, esta substância faria com que os homens vivessem mais sete anos e as mulheres mais 10 anos.

O problema, neste e noutros estudos de envelhecimento humano, é a dificuldade em estudar a longevidade. O seguimento é, necessariamente, muito longo. Por outro lado, há vários fatores que podem interferir nos resultados.

Foto: Flickr/elle-epp

 

Este artigo deu origem a uma pergunta no quiz de ciência LabQuiz, um divertido jogo desenvolvido pelo Ciência 2.0 para Android e iOS.
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