Quando se celebra um centenário tem de se procurar formas úteis de o fazer, de modo a alcançar objectivos que devem ser explicitados para se entender o sentido do que se faz. Uma comemoração integra sempre actos efémeros e outros que prolongam no tempo os seus efeitos. Quanto mais efémero for, mais simbólico terá de ser esse acto, não devendo haver nenhuma das suas componentes que não tenha sentido. Desejavelmente, o peso da comemoração deve assentar em realizações cujos efeitos se repercutam ao longo do tempo. Após um programa comemorativo complexo, como é este, tudo, no futuro, tem de ter um sentido diferente.
Em primeiro lugar, quer-se fomentar a coesão do corpo universitário: os seus discentes, os seus docentes e todos os restantes elementos que o integram. Uma universidade não é a mera federação de escolas “sectoriais” mais ou menos autónomas. Ela lucra com o trabalho de todos e com as sinergias que é possível extrair do conjunto; mas cada uma das faculdades beneficia, também, do prestígio e da capacidade de afirmação de todas as outras escolas. Por isso, se deve acentuar tudo quanto ajudar a reforçar o sentido de pertença a um corpo que se impõe não só pelo número dos seus Alunos e Professores mas, especialmente, pela qualidade da formação que dá e da investigação que é produzida. Devemos, assim, ver o que foi feito no passado, não só como homenagem a quem o fez, mas como impulso do desenvolvimento futuro.
Os laços que ligam a Universidade à Comunidade em que se insere devem ser reforçados, por todas as formas que estiverem ao nosso alcance. É evidente que os antigos Estudantes da Universidade vão exercer a sua actividade profissional em todo o País e no estrangeiro. Mas é bom que eles sintam que todos devemos, uns aos outros, solidariedade e colaboração.
Uma universidade não pode também viver isolada das suas congéneres nacionais e estrangeiras. A Universidade do Porto tem justificadas ambições para se inserir no grupo das mais produtivas e melhores universidades da Europa e do Mundo. Isso reclama que ela não se feche mas que continue aberta à colaboração com outros, enviando doutorandos e investigadores para universidades estrangeiras, atraindo alunos e pesquisadores de fora, mantendo relações de cooperação muito íntimas com os mais prestigiados institutos, enfim, procurando a excelência através da parceria com os melhores e fazendo, obviamente, os esforços necessários para estar à altura do que se pede a cada um.
Uma Universidade como a do Porto, com catorze unidades orgânicas distintas, cada uma cuidando do seu campo de conhecimentos e de formações, pode tirar benefícios dessa variedade para conseguir que todos saiam da Escola com uma mundividência alargada e variada e, ao mesmo tempo, aprofundada.
Com estes propósitos em mente, desenhou-se um programa variado que se estenderá ao longo de um ano. Ele resultou da colaboração de uma Comissão nomeada para o efeito pelo Senhor Reitor e pela auscultação de algumas agremiações académicas que deram o seu entusiástico concurso. A todos estou muito reconhecido.
Luís Valente de Oliveira
O Presidente da Comissão das Comemorações
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